SIG 550 – Versões

A plataforma do SG 550 serviu como base para uma miríade de versões especiais. Aqui não entraremos sobre mecanismos de ação ou aspectos técnicos da plataforma em si, já que foi abordado no capítulo sobre o SG 550. Aqui nos ateremos mais sobre as principais versões e suas peculiaridades.

 

SG 551

Assim como o SG 543, a família SG 550 tem uma carabina. Em 1981 é lançada a carabina SG 551. Esta carabina tem um cano de 165 mm de comprimento e visava algumas tropas especiais, oficiais, tripulação, onde havia a necessidade de uma arma menor em virtude do local ou da tarefa em que o soldado operaria. Essa versão, em virtude do comprimento menor do cano, não tinha como acoplar uma baioneta porque não havia espaço suficiente para acoplá-la. Além disso, não havia como acoplar também um lançador de granada. Para o uso de um lançador, há que se alterar o guardamão e esta peça tem um tamanho para o cano regular, sendo impossível usar com a carabina.

SG 551.

A praticidade da carabina fez a SIG focar no mercado policial. Em 1998 a SIG lança o SG 551-1P. O “1” vem do passo de raiamento de 1:10 e o “P” vem de Police. As versões de exportações tem o passo de raiamento de 1:7. Essa carabina dedicada ao uso policial tem um cano de 363 mm de comprimento, maior e melhor. Com o cano relativamente maior se comparado com a versão 551, o cano oferece um maior alcance de engajamento e um projétil com maior energia. Assim como a família de fuzis militares, coronha, guardamão e empunhadura eram em cor verde oliva. Entretanto, pelo pedido de órgãos policiais, essas peças passaram a ser feitas em plástico negro.

As primeiras versões tinham adaptadores na tampa da caixa da culatra e nas laterais do guardamão para miras e acessórios. Entretanto, isso se mostrava mais complicado, pois o policial tinha de montar e desmontar com ferramentas esses acessórios e miras. Nos modelos posteriores há amplo uso de trilhos picatinny para o uso de miras e outros acessórios. Isso dá maior praticidade e agiliza os trabalhos policiais.  Como a carabina tem o seu pistão redimensionado em virtude do menor comprimento do cano, já que o pistão fica acima do cano, tiveram de alterar a mola recuperadora. Ela não fica mais dentro do êmbolo de gás em volta do cano, ela fica agora em uma haste guia localizada atrás do transportador do ferrolho.

Tropas especiais com o SG 551.

Em 1999, a SIG passa a focar o mercado americano e lança o SG 551-SWAT. Embora lançado em 1999, as pesquisas de atuação no mercado americano e quais armas seriam viáveis vem de estudos feitos ainda em 1994. Como os EUA usam o 5,56 x 45 mm SS109, essa versão da carabina teve seu passo de raiamento alterado para 1:7. De resto, é praticamente a mesma arma, com trilho picatinny, acessórios, bipode e o uso pela SWAT da mira ACOG.

SG 551-SWAT.

SG 550 Sniper

Ainda em 1989, a SIG lança a versão SG 550 Sniper. Essa versão destinada para tiro de precisão tem um cano de 650 mm de comprimento com passo de raiamento de 1:10. Ao contrário do que se pensa, essa versão nunca foi feita para uso militar, mas sim policial. Ela surgiu quando policiais suíços disseram da necessidade de uma arma semiautomática para disparos de precisão. Havia situações em que a dinâmica da ocorrência policial exigia que disparos rápidos fossem feitos, o que não seria possível com um fuzil de ferrolho. Essa é a filosofia da polícia suíça para essa versão, pois há uma grande discussão sobre disparo semiautomático ou de ação manual. Os estudos da polícia suíça mostraram que as ocorrências com a necessidade de disparo de precisão ocorriam a distâncias menores de 100 metros.

SG 550 Sniper.

Isso significava que uma arma na plataforma do SG 550 poderia dar um disparo mais preciso nessas circunstâncias. Para tanto, um novo cano foi feito, mais pesado. Isso para acrescentar peso à arma como manter o cano intacto com o uso. Esse cano não tem nenhum quebrachamas ou compensador para que a saída dos gases não interfira na trajetória do projétil, dando uma maior precisão. O grupo do gatilho foi refeito, gerando um gatilho de dois estágios. Ao pressionar o gatilho, ele é mais leve e suave por um sistema de engrenagem. A arma é oferecida com carregadores para 20 cartuchos, mas os mais usados são os de 5 cartuchos. O fuzil tem opção somente para semiautomático e travado e desprovido de miras fixas.

A arma vem com uma mira telescópica Kahles ZFM de 10x. Pode parecer pouco, mas para uma arma que é usada para distâncias entre 100 e 150 metros, é mais do que suficiente. Essa mira tem em seu retículo o uso de trítio, um elemento químico radioativo que brilha no escuro sem o uso de energia alguma. Isso é muito útil em condições de baixa luminosidade onde o atirador não pode se expor.  O fuzil inteiro pode ser adaptado para a melhor forma que convier ao soldado. A altura do bipode, a distância da coronha, a altura do apoio da face do atirador, até o ângulo da empunhadura. Isso tudo para tornar o fuzil uma ferramenta mais hábil. A empunhadura tem um apoio na base para manter o fuzil na posição de disparo sem o uso da mão do soldado. Muitas vezes o atirador descansa o braço e em caso de emergência, ele não precisa levantar o fuzil e apoiar, basta segurar a empunhadura que ele já estará na altura do ombro dele, pronto para o disparo.

SG 550 Sniper.

O SG 550 Sniper tem um passo de raiamento  de 1:10. Isso por causa da munição que os suíços usam, o 5,6 x 45 mm. É praticamente a mesma munição do 5,56 x 45 mm SS109, entretanto, trabalho com energias diferentes e projéteis diferentes. Isso faz com que, caso o atirador use a munição SS109, ele terá uma perda de eficiência, não sendo indicado para o uso com esse fuzil. O atirador poderá ter, em tese, um rendimento melhor caso use um projétil mais leve, como o M193. Entretanto, não será a mesma coisa já que a arma foi feita para usar o calibre suíço. Algumas versões de exportações foram feitas com passo de raiamento de 1:7, como exige a munição SS109, mas essa versão do fuzil foi feita em pouca quantidade.

 

SG 552 Commando

Em 2000 a SIG lança o SG 552 Commando. Essa carabina tem um cano de 226 mm de comprimento e, assim como o SG 551, tiveram de reduzir o tamanho do pistão em virtude do cano menor e pela falta de espaço para um pistão normal. Por ser menor a mola recuperadora é colocada numa haste guia atrás do transportador do ferrolho. As primeiras versões tinham miras fixas e os acessórios e miras externas eram acopladas por adaptadores.  As versões posteriores tiveram as miras fixas retiradas em virtude do uso amplo de trilhos picattinys para miras e acessórios.

SG 552. Note os orifícios no guardamão para ventilação do cano.

Essa carabina tinha um problema em virtude do tamanho do cano. Os disparos geravam mais chamas, geravam uma menor energia do projétil, o recuo era maior e o estampido era mais alto. A SIG então lança então uma versão com cano de 346 mm de comprimento. Esse cano um pouco maior ajuda mais, o fuzil tem um recuo menor, uma energia maior, menos chama e menos estampido. Em ambas as versões, a alavanca de manejo foi alterada para ser mais discreta, tem o formato de um pequeno tubo preso no transportador do ferrolho.

SG 552 usado por tropas especiais francesas.

SG 553

Em 2008 a SIG lança o SG 553, uma nova carabina. A bem da verdade, o SG 552 estava enfrentando muitas críticas por ter fugido do seu layout interno. Assim como o 552, essa carabina tem dois tamanhos de cano, 226 mm e 346 mm de comprimento. Assim como o 552, amplo uso de trilho picatinny para miras e acessórios. Mas a maior alteração de ordem interna foi a mola recuperadora. Ela passa a ser de novo em volta do pistão. A nova mola tem uma resistência maior que lhe dá maior durabilidade. Voltando à posição antiga, o fuzil passa a ter um controle maior nos disparos, mesmo que pouca coisa. E a alteração de ordem externa foi a alavanca de manejo, que volta a ser como o modelo SG 550. Ocorre que tropas especiais costumam usar luvas grossas e acionar a antiga alavanca de manejo exigia um esforço maior pelo seu tamanho menor.

SG 553.

SG 751 SAPR

Desde o lançamento do SG 550 ficou claro que não havia interesse em lançar uma versão em calibre 7,62 x 51 mm. Na época não havia interesse quando a maioria dos exércitos recém haviam adotado o 5,56 x 45 mm. Entretanto, os combates no Iraque e Afeganistão mostraram que os calibres mais leves não estavam conseguindo os resultados almejados e o mundo viu o reemprego de calibres maiores, como o 7,62 x 51 mm em um momento que estava praticamente em descrédito.

SG 751 SAPR.

Os estudos para uma arma calibre 7,62 x 51 mm na plataforma SG 550 começaram a ser feitos em 2004. Entretanto, somente em 2008 é apresentado o SG 751 SAPR. O termo significa Semi Automatic Precision Rifle, em uma tradução livre, fuzil semiautomático de precisão. Oportuno dizer que, embora conste no nome Semiautomatic, há uma versão com fogo seletivo.

Os primeiros modelos do 751 operavam somente em regime semiautomático, já que em virtude do calibre de recuo mais forte, os suíços acharam que não seria necessário o disparo automático. Mas a prática no Afeganistão e Iraque mostrou que, em algumas situações, o regime automático, mesmo no calibre 7,62 x 51 mm, era necessário. Desta forma, os modelos de série do 751 vem em duas versões. O 751 LB, com cano de 416 mm e o 751 XB, com cano 326 mm. Fica clara a intenção da SIG de oferecer uma versão mais dedicada ao disparo de precisão e outra ao DMR. Ambas as armas podem ser usadas como DMR, entretanto, a de cano maior tem uma maior aplicação para disparos de precisão.

SG 751 SAPR.

Em ambas as versões, o cano é mais pesado e forjado a frio, para uma maior durabilidade. Não só pela durabilidade, mas pela maior resistência já que o calibre 7,62 x 51 mm gera maiores energias não só no cano, mas por toda arma. O cano tem um conjunto próprio que o prende na caixa da culatra. Isso torna a troca de cano mais rápida, assim como faz o fuzil ter um cano flutuante em virtude desse conjunto. Nesse tipo de cano ele não fica amparado pelo guardamão. Ele é fixo diretamente na caixa da culatra. Isso dá um disparo mais preciso porque o cano não sofre com forças oriundas do guardamão. Como o calibre gera uma maior quantidade de chamas, é usado um quebrachamas no modelo gaiola, que se mostra eficiente para esse tipo ação.

SG 751 SAPR com cano de 326 mm.

O fuzil mantém o mesmo seletor de outros fuzis, auto, semi, burst de 3 e travado. É curioso a manutenção do burst de 3 disparos porque esse sistema visava, em sua origem, uma maior probabilidade de acerto do alvo. Entretanto, se com o 5,56 x 45 mm esse sistema não funciona em virtude da baixa cadência de disparo, com o 7,62 x 51 mm a coisa é pior ainda, já que o forte recuo faz com que a dispersão seja maior ainda. O regulador de gás tem 4 opções, normal, condições adversas, fechado e uso de silenciador. Nesse último, uma menor quantidade de gás entra no sistema, diminuindo a quantidade de gás que sai pelo cano e, por sua vez, gerando um estampido menor, o que é mais abafado com o silenciador.

 

SG 556

A SIG, focando também no mercado civil nos EUA, lança em 2006 o SIG SG 556. Esta versão do fuzil tem profundas diferenças em relação aos outros modelos da empresa. O ferrolho e o sistema de gás são iguais. De resto, tudo é diferente. A começar pelo sistema do carregador, que agora passa a seguir o padrão STANAG. Isso implica em alterar o desenho técnico da arma, onde é feito um fosso maior do carregador por causa da forma como o engate do carregador funciona. Sai o tradicional retém do carregador e entra dois reténs do carregador, de cada lado, acima do guardamato. Os carregadores não são mais os de plástico semitransparente de alta resistência e sim os frágeis carregadores de alumínio. Novos carregadores de plástico foram feitos, mas com pouca adoção.

SG 556.

Há um maior emprego de trilhos picatinny na arma. Há em cima da caixa da culatra, dois nas laterais do guardamão e um na parte de baixo. Entretanto, os modelos anteriores tinham somente em cima da caixa da culatra. O mesmo aconteceu com a coronha. Os primeiros modelos tinha a coronha retrátil e rebatível. Os modelos posteriores vieram com uma coronha como a da carabina M4. O fuzil também apresenta uma nova empunhadura e guardamão. Os modelos iniciais tinham as miras fixas, mesmo com trilho picatinny em cima da caixa da culatra. Os modelos posteriores passaram a ter essas miras destacáveis. Esse modelo bizarro da SIG tendia mirar mais no competitivo mercado civil americano. Um frankestein feito às pressas em um mercado muito concorrido não poderia ser diferente. Poucos fuzis foram vendidos

SG 556.

 

Como funciona

Após o disparo, os gases percorrem o cano e entram em um orifício na altura da mira. Esse orifício direciona os gases para um êmbolo em cima do cano. Nesse êmbolo há um grande pistão que está preso ao transportador do ferrolho. Os gases comprimem esse pistão para trás que, por sua vez, empurra o transportador do ferrolho para trás também. Após o projétil sair do cano e a pressão cair a níveis seguros, a trava do ferrolho é liberada e o ferrolho é rotacionado para o lado esquerdo, fazendo com que seus ressaltos se alinhem com as aberturas da câmara do cano.

Com o movimento de retrocesso do pistão, o transportador do ferrolho vem junto com ele. Nesse momento, o ferrolho extrai da câmara do cano a cápsula, ejetando para o lado direito, momento este que faz o transportador do ferrolho e ferrolho chegar ao final do seu curso. A mola recuperadora está em volta desse pistão do êmbolo de gás. Como o pistão está preso ao transportador do ferrolho, a mola recuperadora o puxa de volta para frente. Nesse movimento, o ferrolho empurra um cartucho para a câmara do cano. Os ressaltos do ferrolho passam pelas aberturas da câmara do cano e se rotacionam para o lado direito, travando o ferrolho e preparando a arma para o próximo disparo.