M16A2

M16A2

Assim como aconteceu com AK-74 em relação ao AKM-47, o M16A2 passa a ser o que o M16 sempre deveria ter sido.

O uso do calibre leve no Vietnã fez muitos países se interessam pelo versátil 5,45 x 56 mm. Tanto na Ásia, como Europa e Oriente Médio, muitos projetos surgiram em torno desse calibre ainda nos anos 60 e teve um franco crescimento nos anos 70. Vários países adotaram esse calibre como calibre regular ou, ao menos, destinado às suas tropas especiais. Ainda mais, por todo mundo, ainda estavam em pesquisa e desenvolvimento outros novos projetos de fuzis no citado calibre. Em outras palavras, o mundo estava se adequando ao 5,45 x 56 mm.

M16A2.

Nesse diapasão, os EUA mantém o mesmo calibre e optam por continuar melhorando o M16A1 para uma versão atualizada. Não havia interesse em um novo projeto de fuzil porque o projeto do M16 não era ruim, ainda mais depois das alterações feitas no M16A1. E foi a marinha americana que deu o ponta pé inicial para isso. Decidiram então por melhorar o M16A1. Essa decisão ocorre bem na época que estava quase tudo preparado para a adoção do novo calibre da OTAN, o 5,56 x 45 mm SS109 (FN). A versão americana desse calibre é denominada 5,56 x 45 mm M855. E a marinha americana queria o máximo proveito desse calibre. O SS109 tinha uma grande vantagem em relação ao M193. Por exemplo, o SS109 perfurava uma placa de aço de 3,5 mm de espessura a 640 metros enquanto que o M193 conseguia a 400 metros. O SS109 perfurava um capacete a 1.300 metros enquanto que o M193 a 515 metros.

Em setembro de 1979 pensaram como ter um fuzil melhor que o M16A1. Queriam maior confiabilidade, potência e precisão. Continuar com o M16A1 era inviável. Voltar a adotar o M14 mais inviável ainda. Parar tudo e fazer um fuzil do zero era fora de cogitação. Entre os requisitos estabelecidos para um novo fuzil estava a mira ajustável para 800 metros, um projétil com alcance efetivo de 800 metros (devendo penetrar capacetes e vestimentas balísticas a 800 metros), materiais plásticos de maior absoerção de impacto, cano reforçado e a principal diferença, a substituição do regime automático por burst de 3 disparos.

O guardamão com anéis já havia sido pesquisado antes com as carabinas M16A1. Acima o XM177E2.

No começo de 1980, a marinha havia dito que o M16A1 ainda tinha um problema com o guardamão do fuzil. Era considerando grande e largo, o que cansava o braço do soldado quando em fogo sustentado. Além disso, o cano tendia a esquentar rápido nesse método de disparo que, por sua vez, esquentava também o guardamão do M16A1. Em agosto de 1980 a Colt demonstra um M16A1 adaptado com novo guardamão e cano reforçado. O novo guardamão era intercambiável com dimensões iguais. Havia pequenos anéis em volta dele para dar mais rigidez assim como dissipar melhor o calor. Esse guardamão não era uma novidade. A Colt já havia pesquisado antes esse tipo de guardamão nas carabinas para o M16A1 e foi primeiramente usado nas carabinas M16.

O cano no M16A2 é reforçado. Nos disparos de testes, com as armas fixas, notaram uma maior precisão dos disparos já que com o tempo ele não tendia a entortar. Sem falar que o cano tendia e esquentar menos já que absorvia mais o calor. Em regimes de bursts contínuos, o cano esquentava menos que o M16A1, assim como a precisão era pouco maior também. Lembrando que esses testes eram feitos com o cartucho 5,56 x 45 mm SS109, que gerava um pouco mais de potência. Porém, um problema foi observado. O aumento do peso do cano fez alterar o centro de gravidade, gerando um peso maior na parte da frente do fuzil, mas nada que atrapalhasse o disparo. No final os militares gostaram muito dos resultados.

M16A2.

Em novembro de 1981 o Joint Service Small Arms Porgram – JSSAP adquire 50 M16A1 adaptados (como os avaliado pela marinha) como Product Improvement Program – PIP. Por 1 mês esses fuzis são avaliados e supervisionados pela marinha juntamente com os M16A1 até dezembro de 1981. Para diferenciação entre os fuzis, esses M16 adaptados são chamados de M16A1E1. As vantagens dos novos fuzis eram notórias.

Pelo conceito da arma, haveria maior facilidade de treinamento com as miras ajustáveis. E em virtude disso, aumenta-se a eficácias a distâncias maiores com a maior precisão, maior quantidade de acertos e maior quantidade de transfixações. Houve o aumento da durabilidade e resistência do fuzil, onde com uma baioneta, o soldado podia usar como uma arma de lança sem o medo de danificar ou soltar o cano. Foi notado um menor recuo e levantamento do cano durante os disparos. Também foi observada maior facilidade de enquadramento das miras e maior controle da munição sem desperdícios graças ao sistema de burst. Tudo isso com o novo calibre M855 (SS109).

Em setembro de 1982 o M16A1E1 é oficialmente adotado como M16A2. A marinha americana faz uma compra inicial de 76.000 fuzis em 1983. O exército só veio a comprar o M16A2 em 1986. Não era por birra. O exército tinha em seu poderia uma quantidade satisfatória de M16A1, sendo que não precisavam de fuzis tão cedo. Somente em 1986 foi feito uma compra inicial de 100.000 fuzis.

M16A2.

Principais diferenças

Por fora o M16A2 parece ser a mesma arma, mas por dentro teve muitas alterações. Umas que ajudaram muito e outras que foram alvos de crítica. Seguem as principais diferenças.

O fuzil ganha um compensador com o quebrachamas. Para melhor esclarecer. O quebrachamas do M16A1 tinha uma série de orifícios em todas as direções, por isso ganhou o apelido de gaiola. Como as chamas iam para todas as direções, o recuo do fuzil era preservado. Com o M16A2 é usado um novo quebrachamas com os mesmos orifícios, porém, na parte de baixo não há orifícios. Isso faz com que os gases se projetem para cima e para os lados, indo em direção contrária à direção do cano que é levantado pelo recuo. Ainda mais, quando o soldado está atirando deitado no chão, os gases não levantam sujeira ou areia caso tenha, mantendo mais a sua posição discreta.

M16A2. Note o carregador de treino para 20 cartuchos.

O cano agora é mais pesado. Isso dá mais durabilidade, menos aquecimento e maior precisão. Além do mais, o novo raiamento passa a ser de 1:7. Isso é devido porque a munição M855 necessita para que a trajetória seja a mais reta e precisa possível, algo impossível com 1:12. Desta forma, o projétil dá 1 volta a cada 7 polegadas (177 mm). Isso faz com que haja uma maior pressão e fricção atrás do projétil ao raiamento, o que dá maior energia e estabilidade plana ao projétil. Porém, como a fricção é maior, há uma perda da velocidade inicial do projétil. Olhando 1:12. Quanto maior o nº de voltas, menor é a energia porque a fricção é menor atrás do projétil. Como a fricção é menor, maior é a velocidade inicial do mesmo. Isso faz o M193 ter uma alta velocidade por causa do raiamento maior, porém com menos energia se comparado com o M855.

A massa de mira passa a ter ajuste na elevação. Assim como a alça de mira é toda redesenhada. A medição de alcance passa a ser de 800 metros. Sendo que a abertura mínima é de 0-200 metros. A arma oferece alterações para elevação e lateral visando correções do vento. Isso é importante porque houve muitos relatos do projétil se deslocar levemente com ventos acima de 15 km/h. Com o M16/M16A1 não havia como corrigir essa diferença. O guardamão é todo redesenhado para maior ergonomia para quem usa a arma com ou sem luvas. O novo guardamão tinha as mesmas medidas da versão anterior do M16, o que facilita muito na logística, sem falar que é mais resistente e protege mais a mão do soldado com o aquecimento do cano.

M16A2.

Uma novidade foi o defletor. É uma pequena protuberância localizada logo atrás da janela de ejeção. Isso serve para que, em rajadas, as cápsulas não acertem a face do soldado. Pode parecer estranho, mas em rajadas era comum algumas cápsulas quentes acertarem a cara do soldado. Esse problema foi visto desde o AR-15/M16 mas somente com o M16A2 foi solucionado. Logo atrás o botão de fechar o ferrolho manualmente passa a ter o formado redondo e não comprido. A empunhadura ganha um ressalto que serve como apoio para 3º dedo da mão do atirador. O material da coronha passa a ser nylon de alta resistência, muito mais rígido e forte que a fibra de vidro. Ela tem um formato mais quadrado agora e a parte de cima é mais quadriculada também.

O M16A2 recebe o mesmo carregador do M16A1. O antigo modelo do M16 funcionava, mas estava sujeito a várias panes. O antigo era completamente curvo e tinha os lábios do carregador não propícios para o ângulo em que os cartuchos eram acomodados. Em outras palavras, o receptáculo do carregador era reto (20 cartuchos), porém ao fazerem um carregador curvado (30 cartuchos), o ângulo dos cartuchos dentro provocava panes. Para solucionar isso, primeiro alteraram o formato do carregador. Ele é reto em cima e curvo em baixo, ao mesmo tempo em que os lábios do carregador são redesenhados. Desta forma, o carregador novo do M16A2 é completamente confiável. Assim, o soldado levava o carregador no fuzil com 30 cartuchos e mais seis carregadores sobressalentes, totalizando 210 cartuchos de 5,56 x 45 mm.

M16A2.

Algumas críticas

O fato da marinha pedir o desenvolvimento do fuzil, testá-lo e colocar a produção em larga escala fez com que o exército se ressentisse. Afinal, das três forças armadas o exército é o que mais usa fuzis de assalto, onde incide na questão logística e orçamentária. Além do mais, o exército fez um programa de teste muito mais intenso e árduo que a marinha. Desta forma, algumas críticas fundadas surgiram. Os soldados sentiram a falta da medição de 0-25 metros na mira. A mira de um fuzil tem graduações de alcance com a primeira medição de 0 a 250 metros. A mira standard não trazia segurança para o soldado quando os combates ocorrem em distâncias menores de 200 metros, a mira pode ficar um pouco imprecisa. Para piorar, o orifício da mira era muito grande para essa graduação e o orifício para a graduação de 500-800 metros era muito pequeno. O conjunto desses fatores tornava mais difícil a aquisição do alvo. O próprio conjunto da mira foi considerado complexo, pois o soldado americano estava acostumado com uma mira mais simples de ser usada.

M16A2.

O cano foi questionado. Ele era mais reforçado na parte da frente, onde ele ficava exposto. No M16A1 o cano tendia a dar uma leve entortada o que alterava a precisão do fuzil. Segundo o exército, o cano inteiro deveria ter o mesmo reforço para que o antigo problema não ocorresse novamente. Além do mais, a munição M855 não podia ser usada no M16A1. Que fique claro, caso a munição M855 seja usada no M16A1, o soldado não corre perigo. O que vai acontecer é que a precisão vai cair drasticamente para não mais que 90 metros uma vez que o raiamento do M16A1 não vai dar a estabilização necessária ao projétil.

O sistema de burst ao invés do automático. Esse foi o ponto crucial de todas as críticas. O exército não gostou porque eles acreditam, e com toda razão, que o regime automático é útil em determinados casos, como um assalto final. Um revide de emboscada, em combates em lugares fechados, enfim, uma série de situações onde o regime automático seria usado. Isso tira parte da capacidade combativa do soldado.

A marinha americana alegou que o burst melhoraria a precisão e economizaria no disparo. De fato a precisão melhora. Em rajadas curtas, a partir do 3º disparo o projétil raramente acerta o alvo. Muitas concentrações de 3 disparos são conseguidas quando o fuzil está preso a uma estativa. Na mão e no ombro, os resultados são completamente diferentes porque entra o fator humano. Curiosamente, o modelo Colt 703 a pistão tinha a possibilidade de burst, além do automático.

M16A2. Note a ausência do regime AUTO. Uma das maiores críticas ao fuzil.

Outro ponto questionável é a economia de munição. Desde o começo o M16 tinha carregadores de 20 cartuchos porque pensavam que, se tivesse maior capacidade, o soldado desperdiçaria munição. O Vietnã mostrou que mais cartuchos aumentava a capacidade combativa do soldado. Aí entra a questão do treino. Disparos em automático somente em situações ideais. Caso contrário, é puro desperdício de munição. Isso cabe ao treinamento do soldado dizer quando usar. Na grande maioria das vezes, os soldados disparam em regime semiautomático. Com burst ou sem burst, se o soldado não é treinado, vai gastar munição de qualquer modo.

O mais polêmico é o mecanismo de disparo do burst, que traz algumas confusões. Ao apertar e segurar o gatilho no regime burst, são disparados 3 projéteis. Neste momento, o soldado solta o gatilho. Ao voltar a apertar o gatilho e segurar, mais 3 disparos automáticos são feitos. Mas vamos supor que ele solte o dedo antes. Ao apertar novamente e segurar o gatilho, o fuzil não vai disparar 3 disparos mas somente os que faltavam do ciclo anterior.

Exemplificando. O soldado aperta e segura o gatilho. Depois de 2 disparos automáticos ele solta o gatilho. Na próxima vez que apertar o gatilho, irá ser disparado um único disparo. Se ele solta o gatilho após 1 único disparo, nas próxima vez, serão 2 disparos. Ou seja, sempre será feito os disparos restantes do ciclo. Isso ocorre porque o desconector do burst tem o formato redondo com 3 dentes. A cada disparo, a trava passa por cada dente. Se o soldado para o disparo no meio do burst, a trava fica no dente que foi disparado. A única forma de solucionar isso é tirar o carregador, expelir o cartucho da câmara, municiar e começar tudo de novo, ou, disparar o cartucho remanescente. Pode ser algo superficial, mas isso confundia muito os soldados.

M16A2. Note o cano de maior diâmetro.

Além disso, o peso do gatilho também mudava no sistema burst. O regulador do burts dá uma volta a cada 3 disparos. Se é efetuado 1 disparo, a trava de segurança fica presa no 1º dente do dispositivo. Isso deixa a trava tensionada, o que aumenta o peso do gatilho, já que mais esforço é feito para a trava se soltar desse dente. Se são efetuados 2 disparos, a trava fica no 2º dente do dispositivo, ou seja, mais força é necessária para que a trava seja solta. O M16A2 tinha então um peso normal em semiautomático, mas o peso poderia aumentar gradativamente caso o ciclo de 3 disparos não fosse completado.

 

O fuzil como tinha que ser

 O M16A2 se mostrou bem melhor que os seus antecessores, apesar das críticas quanto ao regime de disparo. Assim que ele começou a ser adotado em série, se deparou com uma guerra, a Guerra do Golfo de 1991. Aqui notamos pontos positivos e negativos do fuzil.

Sargento afegão Eisa Khan mata 6 talibans em um ataque a uma base (na foto 2 corpos). Note os orifícios no guardamão para ventilação do cano.

Após receber o feedback do M16A1 de seus problemas com limpeza, o M16A2 chegou com o soldado devidamente treinado em como manter e limpar o fuzil. Mas o terreno e as condições climáticas se mostraram mais árduas do que foi pensado. Com o tempo, o fuzil passa a ter algumas panes. Ocorre que em clima árido e seco faz com que se tenha uma poeira muito fina na atmosfera e isso entrava no fuzil. Em contato com os óleos lubrificantes, essa poeira formava uma massa espessa fazendo o fuzil dar pane. A solução era uma limpeza constante e quase que diária. Algumas tentativas paliativas eram sacos plásticos no cano. Guardar o fuzil em sacola plástica era outra alternativa, mas foi desencorajado por causa da necessidade de uso imediato. O mais curioso de tudo é que naquela guerra os kuwaitianos usavam o FAL. Mesmo velho, o FAL não tinha tanto problemas com areia e poeira. Descobriram que eles faziam a limpeza quase que diariamente.

M16A2 com sistema de visão noturna.

O novo cano e nova munição se fizeram presentes. Em regiões mais planas, os soldados tinham um maior alcance efetivo com a nova munição M855. Como o projétil tinha uma trajetória mais plana, a precisão era aumentada, possibilitando maiores danos ao inimigo a distâncias maiores. Essa é a vantagem da munição M855 se comparada com a M193. O cano aumentou não só a precisão como também permitiu ao soldado maior disparo de fogo contínuo sem sobreaquecer o cano. Como o cano era reforçado e, o material plástico empregado era de maior resistência, os paraquedistas gostaram muito do M16A2. Os M16A1 eram considerados mais frágeis e quebravam com mais facilidade devido a impactos indevidos ao solo. Com um fuzil mais reforçado, a taxa de quebras caía drasticamente, o que tornava a arma mais confiável e facilitava muito a cadeia logística.

M16A2 com o lançador de granadas M203.

Há que se levar em conta que o M16A1 em si não era um fuzil ruim e tinha um desempenho satisfatório com a munição M193. Com o M16A2, os principais pontos negativos do M16A1 foram solucionados, agora com uma munição melhor, a M855. Pode-se dizer que o M16A2 é o que o AR-15 deveria ter sido quando foi concebido porque os requisitos de então foram atendidos agora.

 

M16A2

Calibre: 5,56 x 45 mm
Comprimento total: 1005 mm
Comprimento do cano: 508 mm
Cadência teórica de disparo: 750-950 dpm
Peso: 3,7 kg
Carregador: 30 cartuchos

 

Como funciona

Após apertar o gatilho e efetuar a deflagração do cartucho, os gases que percorrem o cano entram em um orifício na altura da mira. Esse orifício direciona os gases para um êmbolo sem pistão. Os gases percorrem esse êmbolo diretamente para a parte de trás do ferrolho. Os gases, chegando, pressionam o transportador do ferrolho para trás ao mesmo tempo em que ele vira para a esquerda. Isso faz com que o os ressaltos do ferrolho se alinhe com as saliências da câmara do cano, destravando o ferrolho.  Ainda com a força dos gases, o transportador do ferrolho é deslocado para trás, onde, ao mesmo tempo, ejeta a cápsula deflagrada.

O transportador do ferrolho chega ao final do seu curso, onde, por uma mola recuperadora localizada logo atrás e alojada em um tubo na coronha, passa a empurrar o transportador do ferrolho para frente. Nesse momento de volta, o ferrolho coloca um cartucho novo na câmara do cano. Agora os ressaltos do ferrolho entram na base do cano e se alinham com as saliências da câmara do cano, rotacionando o ferrolho para o lado direito, travando com os ressaltos na câmara do cano. Agora o fuzil está pronto para o próximo disparo.

 

Colt Commando e Colt Carbine

Novamente a Colt expande seu mercado com essas duas carabinas. Recordando que nos EUA o Colt Commando 733 entra na categoria de submetralhadora enquanto que nós usamos o termo carabina. Cabe ressaltar que esses modelos vieram com certo atraso no seu desenvolvimento porque os EUA ainda tinham em seus estoques grandes quantidades de carabinas derivadas do M16A1.

Colt Carbine.

O Colt Commando 723 é uma carabina com cano de 290 mm, enquanto que o Colt Carbine tinha um cano de 370 mm. Ambas as armas se destinavam a oficiais, missões especiais, pessoal que não estava na linha de frente, tripulações, etc. As primeiras carabinas tinham o mesmo cano pesado com o mesmo raiamento do M16A2, porém ainda usavam o layout da parte de cima da caixa da culatra do M16A1, assim como o sistema de mira mais simplificado. Não havia sequer o defletor. Esses primeiros modelos foram lançados em 1985.

Colt Commando.

Alguns anos mais tarde, novas versões do Commando e Carbine surgiram, onde a única diferença era a inclusão do defletor. Isso se dava porque a produção do fuzil era focada no M16A2 convencional. Só depois que a produção entrou em ritmo normal, a parte de cima da caixa da culatra, que possuía o defletor, passou a ser usado também nas versões commando e carbine. Esses últimos modelos foram feitos em quantidades inexpressivas, já que estava em andamento o que seria o futuro M4.

 

Submetralhadora 9 mm P

Esse é um dos pontos curiosos da família M16. Por que a demora tão grande em desenvolver uma submetralhadora 9 mmP? Se a ideia era substituir várias armas com a família M16, por que não investir nessa seara? Ao que parece, os americanos perceberam isso tarde. O sucesso do fuzil de assalto M16 era inequívoco e cristalino, ainda mais depois do lançamento do M16A2. Olhando o mercado militar e policial, notaram as armas usadas em sua maioria eram importadas, prevalecendo a HK MP5 nas suas mais variadas versões. Diante desse panorama, a Colt decide investir numa autêntica submetralhadora.

Colt SMG.

Cabe dizer que eles adotam o termo submachine gun SMG. Para eles, uma SMG pode usar um calibre de fuzil. Para nós, isso não seria possível já que seria uma carabina. A Colt usava carabinas (SMG) desde o Vietnã, mas queriam algo com menos potência de fogo. A ideia vinha desde o começo dos anos 70 com o XM177E2, porém, com o acúmulo de projetos, revisões, problemas e reparos, a equipe de engenheiros teve de abortar essa ideia. Só no começo dos anos 80 é que essa ideia veio a tona. Queriam uma submetralhadora 9 mm P. E a Colt fez bonito. O primeiro protótipo, Colt 633, seguia a linha clássica das submetralhadoras. 9mm, carregador bifilar e ferrolho aberto. O ferrolho aberto era um problema para os engenheiros porque eles temiam disparos acidentais. Não que armas assim disparem com qualquer pancada, mas as chances aumentam. Esse modelo tinha uma trava de disparo na empunhadura, tal qual a Colt 1911. Tinha um cano de 177 mm de comprimento e, pasmem, um guardamão de liga de alumínio.

Protótipo do Colt SMG. Note a tecla de segurança.

Isso foi um problema. O cano menor representa menos precisão. Um ferrolho aberto diminui a precisão (recomendo a leitura do artigo sobre ferrolho aberto e fechado). Para tanto, decidiram por optar por uma arma de ferrolho fechado para aumentar a precisão, era o 2º modelo do Colt 633. Eliminando assim a trava da empunhadura ao mesmo tempo. Havia um grande defletor ao lado da janela de ejeção. Ao contrário do que se pode parecer, não é para defletir as cápsulas 9 mm P em alta cadência. Era para defletir os gases da cara do atirador, uma vez que a arma não era operada a gás, havia um excesso de gás na janela de ejeção que ia para a cara do soldado. Porém, surge um novo problema. O sistema blowback em ferrolho fechado torna o recuo muito forte, cadência muito alta e aquecimento rápido do cano. O que fazer?

Um dos protótipos do Colt SMG. Note o defletor de cápsulas.

O Colt 635 sana parte desses problemas (O Colt 639 é um 635 com capacidade de burst de 3 disparos). A primeira alteração foi o pistão de amortecimento da arma. Ele é dividido em duas partes com três discos de borracha entre eles. Esse pistão também é mais pesado. Isso faz com que a energia do recuo fosse absorvida com mais facilidade. O transportador do ferrolho também era de material mais pesado pelo mesmo problema. Outra alteração foi o aumento do cano para 266 mm como forma de enfrentar o aquecimento do cano, assim como aumentar a precisão também.

Colt SMG.

 

Outro problema visto foi o grupo do gatilho. Nos testes observaram que as peças, incluindo o cão, quebravam em pouco tempo. Calibres 9 mm P em blowback costumam gerar fortes pressões internas. Com o tempo essas peças tendiam a quebrar. Uma forma de solucionar isso foi usar aço inoxidável nas peças do grupo do gatilho. Isso acaba por dar mais resistência e vida útil à submetralhadora. O percutor também passa a ser mais resistente e a liga de alumínio utilizado na parte de cima da caixa da culatra é de maior resistência também. Curiosamente, o Colt 635 tem o encaixe para baionetas.

Essas submetralhadoras foram adquiridas em poucas quantidades por algumas forças policiais americanas. Pelo departamento de entorpecentes e pela equipe que ficava nos silos de mísseis balísticos. Embora com as submetralhadoras, esses silos também mantinham fuzis M16A1 e M16A2. As submetralhadoras para uso interno e os fuzis de assalto caso tivessem que sair dos silos.

Colt SMG usado na invasão do Panamá – 1989.

Colt SMG 9 mm P

Calibre: 9 mm P
Comprimento total: 730 mm
Comp. total c/ coronha retraída: 650 mm
Comprimento do cano: 270 mm
Peso: 2,6 kg
Cadência de disparo: 800-1.000 dpm
Carregador: 20 ou 32 cartuchos

 

Colt ACR

É obrigatória uma menção ao Colt ACR quando falamos do M16A2. Assim que o M16A2 entrou em serviço, foi notado que o M16 estava e constante linha evolutiva e pensaram em um novo fuzil mais capacitado para substituí-lo. Esse programa se chamava Advanced Combat Rifle – ACR. Várias empresas mostraram seus modelos, sendo que a Colt oferceu o Colt ACR. A meta principal era aumentar a capacidade de acertar o alvo no primeiro disparo.

Para tanto, a Colt usou o M16A2 como base para o seu modelo. Trata-se do M16A2E2.  Visualmente falando, nota-se o grande friso acima do guardamão. Os furos são para tirar o peso da armação, dando maior leveza ao fuzil. Ao olho do soldado, esse grande friso faz uma superfície plana com as miras. Ao fazer a mira, o soldado tem mais rapidez para enquadramento e disparo. É como o cano de uma espingarda com uma mira na ponta. É o mesmo efeito natural do olho ao mirar de forma instintiva. O quebrachamas também tem uma diferença. Os gases se dirigiam agora, em parte, para orifícios ao redor do cano, diminuindo o recuo do fuzil.

Colt ACR.

Isso era importante porque se a premissa era aumentar a chance de acerto e precisão, o fuzil tinha que ser mais controlável do que já era. Desta forma, o amortecedor interno do ACR passa a ser hidráulico, onde conseguia absorver o recuo do fuzil em 40% quando usado em regime automático. Ainda mais, levando em conta a capacidade de cada soldado, se usa uma coronha retrátil telescópica para adequar a cada tipo físico.

A preocupação com a precisão foi levada em conta. A alça de transporte, com um novo design para usar o conceito de superfície plana, passa a ser destacável. Isso permitia ao soldado acoplar uma mira telescópica ELCAN de 3,5x. Isso dava maior praticidade ao soldado. Praticidade também veio com o seletor de disparo ambidestro.

Colt ACR.

Uma diferença dessa versão da Colt era a munição usada. Era um 5,56 x 45 mm duplex. Dentro do cartucho iam dois projéteis M855. Acreditava-se na teoria dos disparos múltiplos rápidos para o primeiro acerto. Isso se mostrou improdutivo uma vez que o 2º projétil sempre acertava o alvo mais afastado que o 1º projétil. Para piorar a situação, a munição duplex perdia em alcance. As boas concentrações se davam no máximo até 300 metros. Caso o soldado tivesse que atirar em alvos a distâncias maiores, ele deveria trocar de carregador e usar munição normal, o que seria foco de grande confusão no campo de batalha.

Munição 5,56 x 45 mm Duplex.

No final nenhuma das empresas conseguiu atender o requisito de aumentar em 100% as chances de acerto no 1º disparo e o programa ACR terminou em 1989. Algumas ideias desse programa foram usadas no M16A3/A4 e M4.

 

Colt ACR

Calibre: 5,56 x 45 mm duplex
Comprimento total: 1031 mm
Comprimento do cano: 518 mm
Cadência teórica de disparo: 650 dpm
Peso: 3,3 kg
Carregador: 30 cartuchos