SCAR – Parte 2

Continuação

O fuzil tem um amplo uso de trilhos picattiny para o emprego de miras reflexivas, holográficas, noturnas e termais, assim como para acoplagem de outros acessórios, como empunhaduras, apontadores laser, lanternas, etc. O fuzil tem duas miras fixas retráteis. A massa de mira pode ser destacada, já a alça de mira é presa no bloco do êmbolo de gás, sendo apenas rebatível. Os soldados que usaram o SCAR em combate dizem que a massa de mira não tem a rigidez necessária. Ela não permanece na posição de forma rígida porque qualquer leve batida ou se encostar em algum acessório do uniforme ela é dobrada. Isso tem se mostrado um problema porque muitas vezes em combate o soldado tem que ficar levantando a massa de mira porque ela foi dobrada involuntariamente. Isso pode ser um problema sério em caso de emboscada ou em uma situação que haja a necessidade de resposta rápida de disparo.

Seguindo a premissa desde o tempo do CAL, a FN adota o carregador em aço ao invés de alumínio. Carregadores de alumínios são muito mais frágeis e dão problemas com maior rapidez. O carregador era um dos vários problemas do M4A1 e a FN não segue esse caminho. O carregador segue o padrão STANAG, sendo que carregadores de alumínio mais antigos podem ser usados no SCAR. As forças armadas americanas já sinalizaram que os novos carregadores deverão ser de aço.

SCAR-L.

O SCAR MK17 tem um carregador para 20 cartuchos de desenho próprio, não seguindo o padrão STANAG. Esse carregador tem uma base de borracha. Muitos soldados o usaram de forma equivocada. Em situações de emboscada ou de resposta rápida, alguns soldados se jogam no chão ou buscam algum apoio para o fuzil. Nesse momento de ação, eles apoiam o fuzil nessa base de borracha, algumas vezes com demasiada força quando apoiam o fuzil. Com o tempo isso faz as travas do fosso do carregador ficarem frouxas, fazendo com que haja falhas de alimentação com o tempo.

Essa base foi feita para proteger o carregador quanto a quedas. Depois de apertado o retém do carregador, este cai de forma livre ao chão, ele não fica preso no fosso do carregador. Por isso, algumas vezes pelo excesso de pancadas no chão, o carregador tende a soltar a mola da rampa do carregador. Para evitar isso, foi colocada essa base de borracha na base do carregador. Isso ficou visto na fase de testes do SCAR quando as armas eram submetidas a estresse físico. Os carregadores para 30 cartuchos 5,56 x 45 mm não tiveram problemas, mas os carregadores para 20 cartuchos 7,62 x 51 mm apresentaram esse problema.

SCAR-H Long Barrel. Note o apoio do carregador.

O SCAR teve desde o começo a premissa de usar um lançador de granadas. O êmbolo de gás não tem mais a opção de totalmente fechado, evitando assim o lançamento de granadas de boca. A FN fez o lançador EGLM MK13. Esse modelo é baseado no GL1, feito para o FN F2000. Ela usou a ideia do gatilho do lançador embaixo do guardamato. Desta forma o soldado não tem que trocar de mão para disparar a granada. Basta usar o mesmo dedo que dispara o fuzil e isso tem se mostrado muito útil em missões CQB. O MK13 abre para frente e então para um dos lados, o que tem dado maior praticidade para soldados canhotos ou destros. Entretanto, o fato de abrir para os lados não quer dizer que ele possa lançar uma granada de maior comprimento. A granada viaja a 75 m/s com um alcance de 400 metros. O cano do lançador pode aguentar até 4.000 disparos. Entretanto, há que analisar o fuzil porque o lançamento de granadas gera um impacto mais forte no corpo do fuzil. Isso faz, com o tempo, haver um desgaste natural precoce da arma.

Existe um plano de um kit de conversão para o SCAR disparar o calibre 7,62 x 39 mm. Esse kit ainda não foi mostrado oficialmente, embora algumas empresas façam de forma independente. A ideia não é somente a exportação para países que usam esse calibre. A ideia era que esses kits fossem levados junto com as tropas. Em caso de necessidade, o soldado poderia usar a munição do inimigo. Poderão ocorrer situações em que será mais vantajoso usar a munição do inimigo, bastando trocar o cano e o grupo do ferrolho.

O uso em combate do SCAR MK16 e MK17 mostraram alguns pontos importantes. O fuzil tinha um índice de falhas muito menor se comparado com o M4A1 e M16A4. Os soldados gostaram muito da praticidade dos comandos, leveza, recuo, modularidade e, principalmente, confiabilidade. A possibilidade de troca de canos fez os soldados atuarem de forma mais prática e flexível. Sem fala que a própria manutenção era muito mais simples se comparada com a da família M16.

SCAR-H usado por tropas especiais do Quênia.

Alguns soldados preferiam mais o MK 17 ao invés do MK16. O calibre 7,62 x 51 mm tem um alcance maior com uma energia final maior também. Isso se mostrou muito útil e nos combates a médias e longas distâncias no Afeganistão e Iraque onde, muitas vezes, soldados armados com o MK16 acertavam o inimigo, mas este não era derrubado, continuando a ser uma fonte de ameaças. Com o MK17 isso não acontecia. Mesmo em combates CQB, os soldados muitas vezes se deparavam com o inimigo usando vestimentas balísticas e não eram derrubados tão facilmente com o MK16. A versão CQB do MK17, mesmo comparada em quantidades menores, se mostrou um verdadeiro monstro nesses combates, abatendo os inimigos com mais facilidade.

Entretanto, em junho de 2010, o SOCOM anuncia que o programa de aquisição do sistema SCAR estava parcialmente cancelado. É informado que os EUA não comprariam mais o MK16. Entretanto, queriam comprar o MK17, visto que as tropas em combate se mostraram muito mais interessadas nessa plataforma. Os motivos para o cancelamento foram vários, mas o que mais chamou a atenção foi que o SCAR não trazia tantas vantagens sobre o M4A1 e M16A4. Isso se mostrou um completo absurdo uma vez que os modelos da Colt eram famosos pela manutenção mais frágil e pelo grande índice de falhas. Muitas vezes o custo é citado de forma errônea. Não temos os dados exatos de custo de cada arma a cada ano fiscal americano. Mas desde o começo era requisito que o custo fosse o mais próximo dos modelos da Colt. Muitos pegam o preço unitário do M4A1 e compara com o preço do SCAR MK16 com todos os acessórios e peças sobressalentes. Isso cria um valor notoriamente alto se comparado com o unitário.

SCAR-L usado pelas tropas especiais francesas.

Há uma especulação que não foi nada de custos o que fez o programa SCAR ser parcialmente cancelado, mas sim questões de lobby. A Knight’s Armament era fornecedora dos fuzis MK11 e M110, usados no Iraque e Afeganistão. Com o programa SCAR, os americanos deixariam de comprar esses fuzis. Entretanto, essa teoria não tem muito respaldo já que o cancelamento foi para uma versão do SCAR de calibre diferente dos modelos vendidos pela KAC. Aliás, algo curioso ocorreu no Afeganistão e Iraque. Quando os soldados recebiam as primeiras remessas do SCAR MK17, eles pegavam os sistemas de mira do M110 e colocavam no SCAR MK17 modelo standard porque eles achavam o SCAR um fuzil muito melhor que o M110.

Hoje as forças armadas americanas usam o SCAR MK17 e algumas unidades do MK16 ainda são usados. Existia um plano de transformar o MK16 em MK17 trocando a parte de baixo da caixa da culatra, cano e grupo do ferrolho. Entretanto seria praticamente como comprar um fuzil novo. Até hoje 30 países compraram o SCAR para seus exércitos e órgãos de segurança.

SCAR-H usado no Afeganistão.

As características acima descritas se aplicam para as versões comerciais do SCAR-L e SCAR-H. Abaixo serão abordadas superficialmente outros modelos que a FN fez com base na plataforma SCAR.

 

FN IAR

A origem do IAR vem da ideia da marinha americana de substituir a M249. Em 2005, eles notaram que a M249, como metralhadora leve, era muito pesada. Ela limitava a atuação do soldado pelo peso, pela falta de precisão e pela forma de alimentação em fita, que necessitava uma posição fixa, tirando a mobilidade do soldado. Os estudos mostraram que havia muito desperdício de munição já que poucos disparos acertavam o alvo. Desta forma, surge o programa Infantry Automatic Rifle – IAR, em uma tradução livre, fuzil automático de infantaria.

A ideia era simples. Uma arma do tamanho e peso de um fuzil de assalto que pudesse operar em regime automático sem as limitações. Uma arma que pudesse prover fogo automático por mais tempo sem se preocupar com o efeito cookoff, quando a munição é deflagrada em virtude da alta temperatura da câmara do cano e sem ação do percussor. Algumas empresas participam do programa e a FN usa o MK16 como base para o seu modelo, o FN IAR. O IAR pode disparar com o ferrolho fechado. À medida que o cano esquenta, automaticamente, o fuzil passa a operar com ferrolho aberto.

SCAR IAR.

O fuzil tem um conjunto de sensores no cano e câmara do cano que medem a temperatura. Quando o soldado começa a usar a arma, os disparos ocorrem com o ferrolho fechado. Caso a temperatura aumente, os sensores atuam e um mecanismo elétrico interno atua, fazendo com que os disparos sejam feitos com o ferrolho aberto. Enquanto que o ferrolho fechado ele fica travado na câmara do cano, no ferrolho aberto ele fica travado atrás, deixando a janela de ejeção sempre aberta, o que faz o ar circular entre ela e o cano, refrigerando a arma.

A desvantagem é que se perde precisão com o ferrolho aberto porque a cada disparo a massa do transportador do ferrolho faz o fuzil vibrar. Essa arma é um híbrido entre um fuzil de assalto e uma metralhadora leve de apoio, ela poderá disparar como um fuzil de assalto ou como uma metralhadora leve. A ideia é que o fuzil possa disparar em automático por mais tempo, fazendo fogo de supressão sem a necessidade de trocar cano. Isso dará maior poder de fogo para o esquadrão.

Entretanto, quem ganha a competição é a HK com o M27, usando o mesmo princípio do ferrolho aberto e fechado, porém, sem nenhum dispositivo automático, onde a alteração é feita manualmente pelo soldado. Isso foi o que fez a FN perder o programa. O mundo dos fuzis de assalto tem evoluído muito na última década, mas não vimos nada ainda de equipamentos eletrônicos atuando junto com a parte mecânica de disparo.

 

PDW

O SCAR PDW é uma versão extremamente curta designada Personal Defence Weapon, destinando-se a tropas especiais e órgão de segurança onde a portabilidade discrição são as diretrizes. Essa versão tem um cano de 171 mm de comprimento e algumas diferenças em relação aos modelos tradicionais. As primeiras versões tinham a coronha somente retrátil e não rebatível. A alça de mira ficava na ponta do êmbolo de gás, como nos outros modelos. Isso era um problema porque, quando o soldado usava uma mira reflexiva, a alça de mira era dobrada, fazendo ela se projetar para frente quase na mesma linha do quebrachamas. Isso facilitava para que a massa de mira se enroscasse em alguma correia.

Primeira versão do PDW.

A arma foi revista e adotou um layout um pouco diferente. Não existe mais a mesma alça de mira, agora ela é destacável, assim como a massa de mira. Há um grande trilho picattiny que cobre até a ponta do êmbolo de gás. A soleira da coronha também é menor. A regulagem tem 3 tamanhos e um apoio para a face do soldado. Esse modelo extremamente curto do SCAR foi possível porque o sistema de pistão de curso curto permite um menor tamanho do cano sem se preocupar com a distância do orifício de gás, como é o caso dos fuzis Colts de ação direta de gás. Por ter um cano bem mais curto, o fuzil tende a esquentar com mais facilidade. Um dos acessórios oferecidos para acoplar ao trilho picatinny é justamente uma 2º guardamão para isolar a temperatura e dar maior apoio durante o disparo.

Versão atual do PDW.

Embora o apoio do rosto seja praticamente inútil, uma vez que não há espaço correto para isso, o apoio vibra muito a cada disparo, perdendo a sua funcionabilidade. Entretanto, o quebrachamas se mostra muito funcional, eliminado a maioria delas. Já que o guardamão é curto demais, o 1º e 2º dedo ficam muito próximos ao cano. Como se trata de uma carabina com cano de 171 mm, o projétil perde velocidade, energia e alcance, porém, para o que se propõe, é o menor dos problemas.

 

FN FNAC

Seguindo a leva de experimentos, em 2012 o exército americano cria um novo programa para uma nova carabina, o Army Individual Carbine. A FN, com base no SCAR, participa com o FN FNAC – Advanced Carbine. Essa carabina tem um cano de 355 mm, praticamente o mesmo do modelo Standard de fuzil de assalto. Visualmente falando, a maior diferença é o trilho picatinny que cobre a ponta do êmbolo de gás, onde era colocada alça de mira. Esta passa a ser uma peça destacável e acoplada ao trilho picatinny, como já era feito com a massa de mira. Entretanto, a maior diferente é de ordem interna.

FNAC.

O FNAC não tinha a alavanca de manejo recíproca ao transportador do ferrolho. Após acionada, a alavanca fica imóvel a cada disparo. Para tanto, houve a necessidade de todo um reprojeto do grupo do ferrolho para isso. As origens dessa alteração vem dos combates CQB. Visando uma maior postura e melhor pegada do fuzil ou carabina, um novo treinamento surgiu onde o soldado, com a mão que apoia o guardamão, mantém o 1º dedo levantado, dando maior flexibilidade e maneabilidade com a arma. No M16A4 e M4A1 isso não era um problema porque a alavanca de manejo não é solidária com o transportador do ferrolho e fica numa posição diferente.

Com o SCAR isso seria um grande problema porque, caso a alavanca fosse solidária ao transportador, a cada disparo a alavanca acertaria com força o 1º dedo da mão que apoia o fuzil, tornando a postura e pegada completamente inviável. Isso foi uma queixa dos soldados que fizeram a transição do M4A1 para o SCAR. Agora, com o FNAC isso não ocorre, já que a alavanca não é mais solidária ao transportador. Isso foi um ponto muito positivo para arma.  Como o fuzil tem um sistema automático de resfriamento, não há a necessidade de um cano mais grosso para absorver parte da temperatura, o que mantém o FNAC com o mesmo peso do fuzil Standard.  Entretanto, o programa foi cancelado em 2013. Isso não quer dizer que o conceito morreu, uma vez que ele foi usado em 2017 para o lançamento do SCAR SC.

FNAC.

SC

O SCAR SC é uma versão um pouco maior do PDW. O SC vem de Sub Compact e conta com um cano de 190 mm de comprimento.  Esta versão foi lançada em 2017 e é praticamente a PDW com um cano maior. Isso gera rumores se a PDW será ou não comercializada. A PDW tem um cano muito curto para um calibre de fuzil de assalto, para isso a versão SC tem se mostrado melhor, dando até maior apoio para a mão do soldado. O que chama atenção nesse modelo é a alavanca de manejo. Ela não é mais solidária ao transportador do ferrolho como no FNAC.

SC.

Isso não é um modismo, mas sim uma necessidade das armas curtas e dos novos treinos. Agora muitos exércitos e órgãos de segurança treinam com uma posição de disparo diferente, onde a mão que apoia o guardamão fica com o 1º dedo levantado na vertical. Isso dá maior apoio e maneabilidade do fuzil. Porém, seria impossível caso a alavanca de manejo fosse solidária, já que a cada disparo, a alavanca iria para frente e para trás. Com essa posição nova, a alavanca acertaria o 1º dedo do soldado. Para evitar isso, a alavanca de manejo deixa de ser solidária ao transportador, permanecendo imóvel a cada disparo.

 

HAMR

Em 2010 a FN lança uma versão nova do IAR. Trata-se do FN HAMR – Heat Adaptive Modular Rifle, em uma tradução livre, fuzil modular adaptativo de calor. O ponto principal é que o fuzil pode disparar com ferrolho fechado ou aberto. Quando a temperatura da arma some, automaticamente, sem intervenção do soldado, o fuzil passa a operar com o ferrolho aberto, ventilando a arma e evitando o efeito cookoff. Este efeito ocorre quando o cano está tão quente que a munição é deflagrada espontaneamente, sem ação do percussor.

HAMR.

O fuzil adota o mesmo sistema do IAR, um sistema eletrônico que detecta a temperatura do cano e da câmara do cano. O fuzil irá operar, tanto no semi como no automático, com o ferrolho fechado. Quando a temperatura aumenta, os sensores atuam e, automaticamente, o fuzil passa a operar com o ferrolho aberto. Se por um lado tem um maior resfriamento do cano, por outro lado tem uma perda da precisão pela vibração do grupo do ferrolho a cada disparo. O HAMR segue o mesmo conceito do IAR, um fuzil de assalto híbrido entre um fuzil normal e uma metralhadora leve de apoio.

Note os pontos ligados ao cano. São sensores captam sinais de aquecimento que são interpretados por um outro sistema. Ao passar de determinada temperatura, a arma automaticamente opera com o ferrolho aberto.

O perfil de uso do HAMR também ajuda a esconder mais o soldado. E faz sentido. Um soldado com uma metralhadora leve é alvo prioritário do fogo inimigo, já que é a maior ameaça no pelotão. O perfil do HAMR é de um fuzil de assalto, com um bipode que se acopla mais acima do cano, tornando baixo o perfil do soldado. O inimigo não poderá distinguir quem opera um fuzil ou uma metralhadora leve. Se essa ideia vai ou não dar certo, ainda não sabemos.

HAMR – Imagem promocional da FN.

MK 20

Era uma questão de tempo para usar o SCAR MK17 como plataforma para uma arma de precisão. O próprio MK17 já era usado como fuzil de precisão ao usar um bipode e uma mira telescópica, mas suas capacidades eram limitadas já que não era um fuzil dedicado para essa tarefa. Ainda mais, o exército americano já usava outro fuzil semiautomático para isso, o MK11 e M110, da KAC. A FN então decide desenvolver um fuzil para tiro de precisão que tivesse uma capacidade maior, mas não substituindo um autêntico fuzil de precisão.

MK 20.

Em 2007 a FN lança o MK17 SSR. O SSR vem de Sniper Support Rifle, em uma tradução livre, fuzil de suporte de precisão. Isso porque o MK20 não é um fuzil de precisão dedicado, é sim um fuzil de precisão, mas mais limitado e não sendo a arma principal para essa tarefa. O MK20 visa alvos que os demais fuzis não conseguem acertar com precisão em virtude da distância, esta é a missão DMR. Já para alvos mais longes, o MK20 atua como uma 2ª arma de precisão para apoio. Poderá ocorrer em que a distância é suficiente para que o soldado acerte mais alvos usando o sistema semiautomático sem perder a precisão.

O cano é de 508 mm de comprimento e reforçado. O fato de ser cano flutuante dá uma maior precisão ao disparo. Assim como o FNAC, o trilho picatinny cobre todo o êmbolo de gás, o que dá maior proteção ao sistema. Há uma grande janela para que o soldado possa acionar o regulador de gás e a coronha é retrátil e rebatível, entretanto, com mais variações de comprimentos e altura do apoio do rosto. O fuzil fica mais pesado com todos os reforços, pesando 5 Kg. Não há opção para o disparo automático porque não é o propósito da arma. Entretanto, vantagem a mais nunca é demais. Caso em uma emergência o soldado precise usar de fogo automático, não poderá usá-lo.

MK 20 usado no Afeganistão.

Em 2010 o fuzil passa a ser chamado de MK20 SSR e, no ano seguinte, é enviado para as tropas no Iraque e Afeganistão. De cara os soldados gostaram muito do fuzil, achando ele melhor que os modelos MK11 e M110. O fuzil era mais preciso, mais simples de manter e mais versátil. Uma crítica dos modelos MK11 e M110 eram os problemas que o uso do silenciador causava na arma. O grupo do silenciador, em um primeiro momento, aparenta ser algo simples, só acoplar e disparar. Entretanto, silenciadores tendem a acumular muita sujeira em virtude dos gases que são acumulados nas câmaras do silenciador. Com o tempo formam-se sujeiras que passam a impregnar o cano.

Com o tempo de uso, o fuzil perdia a eficácia de abafar o som, outras vezes, grandes chamas eram geradas pelo silenciador e, logo depois, a precisão caía muito em virtude da sujeira que passava para o cano. Com o MK20 esse problema é solucionado pela forma que o silenciador tem e como ele atua com o cano do MK20. O silenciador, como todo e qualquer silenciador, acumula sujeira, mas num índice muito inferior que os modelos usados nos fuzis da KAC. Isso deu maior segurança para os disparos que necessitem de baixa acústica sem se preocupar com queda de precisão ou estampido alto com o uso.

Soldado belga com um MK 20. Note a coronha standard.

SCAR MK16 Standard

Calibre: 5,56 x 45 mm
Comprimento: do cano 355 mm
Comprimento total: 890 mm
Cadência de disparo: 650 dpm
Peso: 3,3 Kg
Carregador: 30 cartuchos

 

Como funciona

Ao apertar o gatilho, o cão é liberado batendo no percussor. Este deflagra o cartucho, fazendo com que os gases que impelem o projétil entrem em um orifício. Ao passar por ele, os gases são dirigidos a um êmbolo situado acima do cano. Neste êmbolo tem um pequeno pistão. Este bate no prolongador do transportador do ferrolho. Ao fazer isso, pela inércia, a trava do ferrolho é liberada, o ferrolho é rotacionado para o lado esquerdo, fazendo com que os ressaltos estejam alinhados com as saliências do extensor do cano.

O ferrolho é deslocado para trás, ao mesmo tempo em que extrai e ejeta a cápsula que estava na câmara do cano e inicia o movimento de recuo até o final. A mola recuperadora, situada atrás do ferrolho e fixada na parte de trás da caixa da culatra, empurra para frente o transportador do ferrolho. Como o ferrolho agora está indo para frente, a sua base empurra um cartucho do carregador para a câmara do cano. Neste momento, o ferrolho passa pelas saliências da base do cano, virando para o lado direito, travando o ferrolho na base do cano. Neste momento, o percussor está pronto para ser acionado novamente, reiniciando o ciclo.

 

Curiosidade

Há uma terminologia que pode causar alguma confusão. O exército americano se refere ao SCAR como “MK” enquanto que a marinha americana adota o termo “Mk”.