AK-74 Parte 1

O AK-74 é o AK-47 que os soviéticos queriam ainda em 1946. Uma arma leve, com grande poder de fogo e, principalmente, controle em rajadas curtas sem perder a precisão. Isso só foi conquistado alterando o calibre que, desde o começo, sempre foi o calcanhar de Aquiles do AK-47. O AK-74 não é uma simples adaptação como todos pensam, essa arma passou por todo um projeto e competição com outros modelos para chegar ao que é hoje. Na humilde opinião deste que lhes escreve, o AK-74 é um dos fuzis de assalto mais bonitos feitos até hoje.

 

Um novo calibre

Ao contrário do que muitos pensam, os soviéticos já estudavam um calibre intermediário ainda nos anos 30. Os primeiros estudos eram esboços e cálculos matemáticos de valores. Na época, Federov (o mesmo criador do fuzil automático Federov) alegou que a massa do projétil era muito grande com o 7,62 x 54R mm. Desta forma o ideal seria um calibre entre 6 e 6,25 mm para que ele pudesse ser mais rápido, com mais energia e menor tamanho. Seus estudos foram completamente ignorados. Em 1945, quando os soviéticos estavam em plenas pesquisas do então 7,62 x 41 mm, Federov novamente alegou que havia a necessidade de se diminuir o diâmetro do calibre caso eles quisessem um calibre realmente intermediário. Federov foi praticamente ignorado. Tudo o que ele dizia estava correto e os pesquisadores soviéticos sabiam disso.

O problema é que o maquinário industrial não tinha ainda base para produzir um calibre menor em massa. Adotaram o 7,62 mm por causa do maquinário usado no 7,62 x 54R mm o que agilizaria a produção e baratearia o custo da munição. Os soviéticos seguiram a mesma visão do modelo adotado pela Alemanha com o 7,92 mm kurz. Federov estava correto e foi ignorado porque, caso partissem para estudar, pesquisar e desenvolver um novo calibre levariam alguns anos que eles não poderiam esperar.

Soldado soviético com o AKM-47.

Naquele tempo o ocidente se armava com o 7,62 x 51 mm e os soviéticos tendiam a acreditar que calibres menores não tinham tanto sentido quando acabavam de adotar o 7,62 x 39 mm. Para fazer frente ao problema da precisão, tentaram sistemas como controle de cadência de disparo ou compensadores. Esses dispositivos ajudavam, mas não resolviam o problema. Em paralelo a isso, pesquisadores soviéticos pesquisaram e estudaram novos calibres alternativos entre 1960 e 1962, sendo que esses calibres tinham diâmetro entre 4,5 mm e 6,5 mm. Era a única forma de ter um fuzil controlável e preciso.

AO-27.

Muitos desses estudos não geraram frutos pela falta de interesse por parte do Ministério da Defesa soviético. Pesquisas foram feitas até com munição flechette, um projétil que é mais comprido e na forma de flecha para maior estabilidade. O fuzil experimental AO-27 testou uma munição 7,62 mm tipo flechette esperando uma maior precisão pela estabilidade, mas os resultados não foram satisfatórios.

Cartucho e projétil do 7,62 mm flechette.

E bem no começo dos anos 60 chegou ao conhecimento dos soviéticos que os EUA estavam terminando o programa de avaliação de um novo calibre mais leve (assim como uma nova arma), o 5,56 x 45 mm. Esse novo calibre permitia uma arma bem mais controlável e precisa. Isso foi um susto para eles porque eles estavam recém adotando o AKM-47 com seu 7,62 x 39 mm. Os americanos teriam um calibre mais avançado que o deles porque lhes dariam uma maior vantagem no campo de batalha.

Os soviéticos já trabalhavam com o novo conceito antes disso. Um calibre menor gera um projétil menor, não tendo a necessidade de grandes cargas de propelente. Com o projétil menor e mais leve, ele tem mais velocidade e estabilidade, ao mesmo tempo em que se diminui o recuo e aumenta a precisão. E em rajadas curtas a dispersão fica menor também. Foi com base nisso que os soviéticos passaram a fazer testes com um novo calibre em 1961. Com base no 7,62 x 39 mm, eles desenvolveram o 5,6 x 39 mm. Em 1963 alguns AKMs foram convertidos para esse novo calibre para fins de pesquisas. Notaram que o recuo havia caído em 35%. Também notaram que a arma era mais controlável, tinha uma menor dispersão e, consequentemente, maior precisão.

Da esquerda para direita, o 7,62 x 39 mm, o 5,6 x 39 mm e o 5,45 x 39 mm.

Não demorou para essa promissora munição servir de base para uma outra. Após estudos e pesquisas alteraram o calibre para 5,45 mm, surgia assim o 5,45 x 39 mm (nome comercial, pois o calibre real é 5,6 mm). Isso incidia no projétil, o do 7,62 x 39 mm pesava 7,9 g enquanto que o novo calibre teria algo em torno de 3,4 g. A diferença foi gritante, o projétil tinha o núcleo de aço revestido por chumbo e encamisado. Isso dava ao projétil uma velocidade média de 900 m/s com um poder de impacto maior que o 5,56 x 45 mm M193. O alcance efetivo aumentou, assim como diminuiu a dispersão dos projéteis. Para gerar um dano maior, a ponta do projétil era oca, alterando o centro de gravidade para trás quando acertava o tecido humano. Cuidado, não falamos da tradicional ponta oca e sim uma parte vazia dentro do projétil, o que torna o calibre permitido segundo a Convenção de Haia sobre calibres militares de fuzis.

Quem diria que Federov estava certo décadas antes para o contexto soviético? Pois bem, um calibre menor significava um cano mais fino. Isso significa menos processo laboral assim como mais rapidez de produção.

 

Déjà Vu

E assim começamos mais uma seleção. Em 1965, o Ministério da Defesa decide implantar o calibre 5,45 x 39 mm, assim como a adoção de um uma nova arma. Ao contrário do que muitos pensam, o AK-74 nunca foi uma derivação direta do AKM-47. Já no final de 1965 são estabelecidos alguns requisitos.

A nova arma teria que ter um alcance máximo de 1.000 metros, levando em conta que haveria uma versão metralhadora leve (o AKM-47 tinha essa metragem, embora só funcionasse na teoria, pois a prática era diferente). O recuo deveria ser menor tanto para aumentar a precisão no tiro semiautomático como diminuir a dispersão em rajadas curtas. Deveria aumentar o dano e a letalidade se comparado com o 7,62 x 39 mm levando em conta a possibilidade de o soldado usar alguma vestimenta balística. A redução do peso do fuzil deveria ser algo em torno de 2,5 kg. E redução do custo de produção em 25%. Levando isso em conta, algumas propostas surgiram a partir de 1968, alguns modelos usando métodos convencionais e outros usando métodos diferentes.

AKM-47.

Já na metade dos anos 60, os soviéticos já pensavam em formas de reduzir o recuo para que a arma fosse mais controlável. Compensadores e mecanismos de retardo da cadência de disparo eram um paliativo que não funcionavam sempre. Ainda no começo dos anos 60 os soviéticos passam a estudar e pesquisar métodos de balanceamento do recuo. Dispositivos que geram uma energia contrária ao recuo, eliminando ao máximo a energia enviada à caixa da culatra o que, por sua vez, diminuíram o recuo, tornando o fuzil mais controlável, com a consequente diminuição da dispersão. Isso tinha algumas vantagens. Eram sistemas que permitiam um recuo mínimo. Com um recuo mínimo, a precisão aumentava mais. E sob esse prisma, pensaram que agilizaria o treino do soldado porque ele não precisaria de dezenas e mais dezenas de disparos para se familiarizar com o fuzil. Com poucos disparos ele já poderia fazer mira e acertar o alvo. Sem falar também no rendimento do soldado em campo de batalha. A desvantagem é que eram sistemas complexos.

No programa de seleção de 1968, as equipes foram divididas em duas categorias, de fuzil convencional e de fuzil com sistema de balanceamento. Nesta fase, somente Kalashnikov apresentou um fuzil convencional. Já os demais partiram para modelos mais avançados e complexos. As equipes eram de Kalashnikov, Korobov, Alexandrov, Alexandrov e Nesterov, Deryagina e Tkachev, Petropavlov, Shilin, Sokolov, Konstantinov e Yakushev e Tkachev.

Chama a atenção que Tkachev apresenta seu modelo, assim como participa de outras equipes. No processo soviético isso não era irregular, pelo contrário, era até incentivado a oferecer o melhor do melhor. Independente de quem fez o quê, o que importava era fornecer um fuzil que atendesse a todos os requisitos. Isso sim era socialismo!

O fuzil de Alaxandrov e Nesterov, AL4, adotava um ferrolho rotativo. Porém, a mola recuperadora ficava em volta do pistão no êmbolo de gás. Acima do grupo do gatilho havia uma mola ligada a um eixo que por sua vez era ligada a mola recuperadora. Ao disparar, o pistão comprimia a mola recupera que por sua vez puxava a mola de trás no sentido contrário. Havia um aumento da controlabilidade e da precisão com uma dimensão até menor dos fuzis convencionais.

AL4.

Korobov havia pensado em um modelo bullpup. Sempre acreditou que esse modelo eliminaria o problema de duas armas com dimensões diferentes. Bem no começo chegou a se cogitar o uso do antigo 5,6 mm em algum conceito bullpup, mas essa ideia não foi para frente, pois seria demasiado arriscado. Desta forma ele decide por um modelo convencional.

TKB-072.

O seu fuzil TKB-072 tinha um sistema de balanceamento. Usando o modelo clássico de fuzil, gases captados em um êmbolo que movem um pistão acoplado ao transportador do ferrolho. Porém, a diferença estava no grupo do gatilho. Havia um dispositivo de controle da cadência de disparo forçada. Ou seja, por um conjunto de molas, o grupo do gatilho faria a cadência de disparo cair a um ponto que tornasse a arma bem mais controlável. Esse grupo controlaria a velocidade do transportador do ferrolho. O soldado teria a opção de 500 disparos por minuto ou 2.000 disparos por minuto. Em rajadas a arma se mostrou satisfatória, mas não fez efeito no tiro semiautomático. O Ministério da defesa solicitou um novo modelo com cadência de 500 dpm. Mas mesmo assim o sistema do grupo do gatilho era muito complexo. Curiosamente, a alavanca de manejo ficava do lado esquerdo do fuzil.

A equipe de Tkachev e Deryagin apresentou seu fuzil AG021. Usa o mesmo método clássico do AK-47, gases, êmbolo, pistão. Porém, na parte da frente do êmbolo de gás, tem uma parte maior que se estende pelo cano. Novamente temos dois pistões, com mesmo peso e massa. Após o disparo, cada uma dessas massas vai para um lado. O pistão ligado ao transportador do ferrolho retrocede enquanto que outra parte avança, de forma sincronizada, por um sistema de engrenagem. Desta forma, a pressão do movimento não é transmitida para a caixa da culatra. Esse sistema era mais simples porque usava apenas uma mola recuperadora. Havia também um compensador mais complexo, mas completamente eficaz que tornava a arma mais controlável ainda. Suas miras e teclas eram praticamente iguais ao AKM-47.

AG021.

A equipe de Shilin apresenta seu fuzil AO35. Este era mais complexo. Usando o sistema de gás do AKM-47. Após o disparo, parte dos gases é dirigida a um cilindro na altura do guardamão, no lado esquerdo. Nele há uma alavanca que puxa o transportador do ferrolho no sentido contrário, para frente, atenuando parte do recuo. Não é 100% mas o sistema ajudava. Foi o primeiro fuzil soviético a ter na empunhadura um compartimento para ferramentas.

AO35.

A equipe de Yakushev e Tkachev apresenta o modelo AO38. Andrevich Tkachev foi um dos pioneiros na pesquisa de sistemas de balanceamento de recuo. Ele trabalhou com métodos de equalização dos movimentos das partes de um fuzil para diminuir o recuo, aumentando a eficiência do fuzil. Não tardou e ele apresentou seu modelo AO-38. Esse fuzil adotava um sistema de compensação com a parte de trás de um êmbolo como uma nova junção à parte da frente. No fuzil de Tkachev temos duas massas, como se fossem dois pistões dentro do êmbolo. Eles são ligados por uma cremalheira, onde uma engrenagem age sobre um trilho dentado. Um pistão faz o movimento para trás e o outro para frente, estando ligados por esse trilho. Ambas as partes precisam ter o mesmo peso para fazer o efeito de anulação de recuo. Ao disparar, o pistão de trás faz o movimento normal de retrocesso ao passo que o pistão da frente, ao mesmo tempo e sincronizado, faz um movimento contrário para frente. O sistema funcionava, mas era complexo e complicado de fabricar em série.

AO38.

O que acontece depois é algo contrário à filosofia de 1949. Os novos modelos se mostraram muito complexos, com uma tecnologia que funcionava e era segura. O problema é que esse excesso de tecnologia tornava os fuzis mais complexos e caros. O fuzil de Kalashnikov preferiu aderir à simplicidade que tinha seguido no AK-47 e AKM-47. Em entrevistas (após 1991), Kalashnikov disse que o AK-74 não era uma simples versão do AKM-47 como muitos pensam. Com o novo calibre, o fuzil teria de arcar com novas pressões. A rapidez do projétil poderia ser um problema caso o cano estivesse molhado. Com a diminuição do calibre, menor seria o ferrolho pelo diâmetro, então seria necessário um novo redesenho dele. A arma teve de ser revista completamente.

Os primeiros modelos de pesquisa, denominado 40P, aparecem em 1965. Praticamente eram AKMs alterados para o calibre 5,45 x 39 mm. Ela funcionava perfeitamente, era mais simples e foi feita em menor tempo já que se baseava em um projeto consolidado Mas em poucos testes notaram que a arma apresentava problemas no cano, no grupo do ferrolho e êmbolo do gás.

Kalashnikov 40P.

Note que todos os modelos tinham duas coisas em comum. O carregador, claro, para 30 cartuchos. E as coronhas tinham grandes sulcos. Note que esses sulcos grandes visava tirar peso do fuzil sem comprometer a qualidade da coronha. É por isso que tem esse formato diferente. E a principal parte do programa. Todos os fuzis usavam a quantidade máxima de peças do AKM-47 para redução de custos e aumentar a produção.

 

Segunda parte da concorrência

Após as análises, ficaram na concorrência, Alexandrov AL4, Kalashnikov 40P, Konstantinov S006 e Yakushev e Tkachev com seu fuzil AO38. As outras equipes tinham mostrados projetos muito bons, com soluções inovadoras (até os dias de hoje), mas a complexidade das armas tornavam inviáveis não só a produção em massa como o próprio treino dos soldados. A complexidade dessas armas ia contra o conceito do fuzil simples de massa.

A partir de 1970 Kalashnikov fez um novo modelo chamado A3 para solucionar esses problemas. O cano teve reforço com cromo interno para resistir mais com as maiores velocidades do projétil. Projéteis rápidos tendem a desgastar com mais facilidade o cano pela velocidade e intensidade (fricção) de disparos. Isso não significa que em poucos tiros o cano é descartado. Significa que se comparado com outros calibres mais lentos, eles tem uma vida útil relativamente menor. Para contornar isso, o cano foi reforçado, mantendo o mesmo peso original.

Kalashnikov A3.

A grande diferença externa foi sem dúvida o compensador. Um grande compensador projetado que reduzia o recuo em 50%. Também havia uma barra na lateral esquerda da caixa da culatra para acoplar miras e a tampa da caixa da culatra do AK-74 é de metal fino estampado. Essa peça não é fixa de forma 100% rígida na caixa da culatra. Uma mira instalada em cima pode facilmente perder a graduação a cada disparo porque as vibrações de cada disparo faz a tampa fina tremer.

Kalashnikov A3 com a antiga coronha dobrável.

Há o maior uso de estampa e material plástico. Os primeiros modelos da arma com coronha dobrável ainda seguia o mesmo desenho do AKM-47, considerado incômodo pelos soldados. Para tanto Kalashnikov redesenha essa parte para um formato mais ergonômico. A versão de coronha rebatível teve uma gigante melhora, era mais firme e dobrava para a esquerda. Na parte de cima, onde se apoiava a lateral da face. Já visando os soldados que operariam a arma na neve, uma peça de couro para o rosto não colar em baixas temperaturas. Depois, com o emprego de materiais sintéticos se mudou isso. O carregador de metal emprega agora fibra de vidro, com maior resistência. E a coronha não é de madeira e sim fibra de madeira.

Kalashnikov A3 com a nova coronha rebatível.

O fuzil de Alexandrov e Tkachev passa a ser chamado de AL6 a partir de 1970. Ao mesmo tempo, Alexandrov se une a Shillin e oferece um segundo fuzil, chamado de AL7. São dois fuzis feitos por duas equipes dentro de uma equipe. Algo complicado. Praticamente o mesmo fuzil de antes, mais refinado, com comunalidade de peças com o AKM de quase 50%, o que seria vantajoso para produção em massa e barateamento dos custos. Embora usasse carregador de plástico, a coronha era em madeira.

AL6.
AL7.

Em 1970 a equipe de Konstantinov faz um redesenho de seu fuzil, o A006. Usando o mesmo sistema de balanceamento, adotou um novo compensador de desenho próprio, que se mostrou muito bom nos testes. O conjunto do balanceamento e do compensador proporcionava tiros muitos mais controláveis e precisos.

A006.

Novos testes vieram e o evidente ficou mais claro. Os modelos AL6, AL7 e A006 eram bem mais complexos. Internamente, eles tinham uma maior cadência de disparo assim como desgaste natural das peças internas. As armas de Kalashnikov e Konstantinov eram mais confiáveis na operação. Cada equipe, Kalashnikov e Konstantinov, deveria agora fazer 150 fuzis para avaliação.

O fuzil de Alexandrov foi tirado da competição.  Dos três, o fuzil AL7 era o que tinha a melhor precisão e controlabilidade. Porém, seria muito complicado e demorado avaliar os fuzis de Alexandrov, pois eram dois modelos feitos por duas equipes unidas. Teriam de estudar qual dos dois deveria ir a campo com os demais concorrentes. Nos testes com esses 300 fuzis foram realizados em várias partes da URSS entre 1972 e 1973. Em vários campos, notaram que eles eram muito melhores que os AKM-47, eram mais controláveis e precisos.

Nem tudo era perfeito. O fuzil A006 tinha problemas de estrutura com o material estampado. Em sessões de tiro intenso, a tampa da caixa da culatra se soltava. O compensador tinha problema de acúmulo de sujeira da queima da pólvora. Aliás, o compensador não era tão prático, pois o estampido gerado era muito alto, chegando a realmente incomodar o atirador. E para um A006 ser fabricado, havia a necessidade de 18 horas, considerado um tempo muito alto.

Desmontagem do A006. Note o grupo de balanceamento de recuo acima do ferrolho.

Kalashnikov tinha os seus problemas também. Ele era bem mais pesado. O seu compensador também tinha problemas de acúmulo de sujeira dos gases. O tempo para desmontagem do fuzil era maior se comparado com o AKM-47, assim como era mais difícil de tirar e desmontar as peças internas. Ele necessitava de 12 horas para ser fabricado.

Nos testes uma coisa ficou clara. O fuzil de Konstantinov era mais controlável e preciso. Mas a vantagem sobre Kalashnikov era mínima.  Ainda com problemas para solucionar com a estrutura do fuzil e a qualidade de fabricação, ainda mais com o elevado tempo de produção. A preferência por Kalashnikov era notória e clara. A pequena vantagem de Konstantinov não justificava alterar todo o complexo industrial bélico de produção do AKM-47. Selecionando o fuzil de Kalashnikov, não haveria o retreino dos trabalhadores dessas fábricas assim como o retreino de todos os soldados.

AK-74.

Mesmo assim o fuzil de Kalashnikov não era considerado satisfatório. Por usar um calibre mais leve e de dimensões diferentes, a arma precisava ser redesenha internamente, assim como o maquinário para essas novas partes também. Em 18 de janeiro de 1974, o fuzil é oficialmente adotado como fuzil de assalto Kalashnikov 5,45 mm. Além disso, uma nova metralhadora leve substituiria a RPK, surgia assim o RPK-74. E claro, mais uma vez ele recebe a medalha de herói trabalhador socialista.

 

Curiosidade

A equipe de Alexandrov e Tkachev que perdeu a concorrência com o AL6 tinha uma figura ilustre na equipe. Victor Mikhailovich Kalashnikov era filho de Mikhail Kalashnikov.