CETME A B C

CETME A

 

Os testes com o Modelo 2 foram muito promissores e em 1952 estipularam um lote de testes para 100 fuzis e a produção de 1 milhão e meio de cartuchos 7,92 x 41 mm. Os requisitos básicos do projeto foram mantidos, tais quais a capacidade de atingir alvos a 1.000 metros, o peso não exceder os 4 Kg e a alto poder de fogo. Como seria a versão a ser final, o CETME Modelo 2 passa é denominado CETME Modelo A (1A). Essa primeira versão é praticamente a mesma arma do Modelo 2, porém com um carregador de curvatura mais suave. Foi colocado também na tampa da caixa da culatra um pequeno ressalto para acoplar uma mira telescópica.

CETME Modelo 1A.

Logo apos a alteração do nome, essa arma é apresentada não só ao exército espanhol, mas também para alguns outros países, dentre eles a Alemanha Ocidental, que consideraram o fuzil uma arma impressionante e passaram a cogitar em adotar essa arma como seu fuzil padrão. Embora a Espanha mantivesse seu programa de fuzil de assalto, ela não estava tão apressada em comprar de imediato essa arma para ela mesma. Sem uma guerra ou pressões internas, eles usavam o tempo necessário para aprimimorar e desenvolver um modelo final. Já a Alemanha procurava um fuzil assim que possível em virtude da rapidez em como as potências acirravam suas diferenças na Guerra Fria e viam a URSS cada vez mais ser uma ameaça para ela.

CETME Modelo 1A. A aparência é de um fuzil pesado mas a bem da verdade era leve e com baixo recuo.

Os alemães ocidentais procuravam uma nova arma para a sua recém formada guarda de fronteira e viram no CETME Modelo 1A uma arma ideal para eles. Entretanto, em virtude de sua aproximação com o ocidente, estavam se reaparelhando com material que seguiam a doutrina da OTAN. Diante desse panorama decidiram que a arma seria ideal caso fosse no calibre 7,62 mm, podendo os espanhóis usar o comprimento em 41 mm.

As alterações para o novo calibre acabam gerando o Modelo 1B. Novas alterações são feitas no desenho técnico da arma que no final darão forma ao CETME C e ao HK G3. Dentre as principais diferenças estavam: uma alça de transporte rebatível. Na ausência de bandoleiro ou em grandes marchas, essa alça foi muito bem elogiada não só pelos soldados espanhóis como pelos alemães. Para os paraqueditas espanhóis foi feita também uma versão com coronha rebatível, como a MP40, já que a Espanha queria equipar todas suas forças armadas com o novo fuzil.

O receptáculo do carregador, em forma de caixa, agora passa a ser cortado quase que pela metade na diagonal. Isso facilitava a troca dos carregadores porque eles entravam de forma mais fácil, agilizando o processo de troca. A coronha é levemente mais comprida.  Curiosamente, o seletor de disparo fica agora para o lado direito do fuzil, onde se acreditava que era mais fácil para o soldado bastando apenas virar o pulso da mão da empunhadura. E não só por isso. Achavam que, o soldado quando se rastejava, teria o risco de acionar o seletor involuntariamente já que o lado esquerdo sempre ficava virado para baixo. Mais tarde isso se mostrou uma grande desvantagem. Entretanto, a diferença maior é o novo calibre 7,62 x 41 mm, um calibre com um comprimento menor, para equipar essa versão de fuzil para a guarda de fronteira alemã ocidental.

CETME Modelo 1B.

O maior problema naquela época era o entendimento. De um lado o governo alemão ocidental e de outro lado os engenheiros da CETME. Quando isso é feito coisas boas não acontecem, pois em acordos entre governo-governo as coisas são mais claras e diretas, ou seja, preto no branco. Todas as diferenças são dirimidas diretamente sem espaço para mal entendidos. E esse foi um problema colossal. Terminado o Modelo A 1B em 1955, os espanhóis mostraram aos alemães e descobriram que os alemães queriam o calibre 7,62 mm, mas agora no padrão americano de 51 mm e não 41 mm como havia sido feito. Isso foi uma grande decepção para a CETME porque mais de um ano foi gasto para fazer essa versão, e sem falar no tempo para o desenvolvimento, os recursos gastos e os testes do calibre. Esta grande falha de comunicação entre os engenheiros da CETME e os membros do governo alemão se deu por uma falta de comunicação direta e clara.

Este contratempo não parou o interesse da Alemanha Ocidental sobre a arma, assim como a Espanha não desistiu do cliente. Os alemães haviam gostado muito do modelo CETME A 1B. Viram que seria a arma ideal e, para tanto, queriam produzir ela na Alemanha Ocidental na recém criada Hecker und Koch – HK. Isso ocorria porque naquele ano recém havia sido criado o Bundeswehr, o novo exército alemão. E não só isso, nesse mesmo ano a Alemanha Ocidental ingressara na OTAN. Seria necessário um novo fuzil para todo esse novo exército. Uma vez na OTAN, a Alemanha Ocidental deveria seguir a padronização dela. Ou seja, o calibre deveria ser, necessariamente, o 7,62 x 51 mm.

Diante disso, a condição primordial era de que o fuzil deveria ser nesse calibre e a CETME concordou. A 1ª coisa que fizeram foi a adaptação do fuzil ao novo calibre, mais potente. Para isso tiveram que trocar algumas partes, como o cano e grupo do ferrolho. Após algumas centenas de disparos vários problemas foram notados na fase de testes. A caixa da culatra apresentou rachaduras, a cabeça do ferrolho quebrava, vários problemas de extração e o porta percussor falhava. Isso acontecia porque o calibre era muito potente e o projeto do blowback desacelerado fora feito para calibres mais leves, como o 7,92 mm kurz. A CETME não podia refazer todo o projeto porque isso levaria mais dinheiro e tempo.

Eles tiveram uma ideia diferente. Fizeram um calibre 7,62 x 51 mm mais fraco, chamado de 7,62 x 51 mm CETME. Assim surgia o CETME A 2A. Era a mesma arma anterior porém com um calibre diferente. Eles diminuíram um pouco a quantidade de propelente e o peso do projétil, agora de 107 grains. Na boca do cano, o projétil saía a 762 m/s. A título de comparação, o projétil do 7,62 mm OTAN tinha o peso de 144 grains a velocidade de 855 m/s. Para efeitos de comparação de energia, o 7,62 mm OTAN gerava 50.000 Psi de energia, enquanto que o 7,62 mm CETME gerava 42.000 Psi. Com o cartucho espanhol a arma tinha um ótimo controle de recuo e precisão porque o recuo era menor.

CETME Modelo 2A.

 

CETME B

Em 1957, a Espanha decide adotar como seu fuzil de assalto o CETME B no calibre 7,62 x 51 mm CETME. Foram feitas várias mudanças em relação ao CETME A. O programa que começara em 1949 chegava ao fim após quase 10 anos e isso não foi porque os espanhóis eram desleixados. Naquela época a Espanha não contava com uma indústria bélica moderna. Ela não tinha mão de obra qualificada e as empresas da cadeia logística estavam uma distante da outra a centenas e centenas de kms. Esse tempo todo fez a Espanha amadurecer sua indústria bélica, gerando não só maquinário como também mão de obra especializada.

CETME Modelo B – protótipo.

A maior diferença visual foi o guardamão. A ideia de um pequeno guardamão de metal estampado veio do StG45(M), que é o pai do CETME. Na Espanha se seguiu o modelo mais radical, como visto no francês CEAM 1950. No CETME A não havia guardamão, usava-se o bipode recolhido como guardamão. O problema é que com poucas dezenas de disparo o cano esquentava muito. E esse calor era transmitido ao bipode que, por sua vez, esquentava muito a mão do soldado, o fazendo apoiar de novo pelo carregador. Desta forma foi feito no CETME B um guardamão de metal que envolvia todo o cano. Esse guardamão tinha várias janelas para ventilação interna por ar, já que o cano, como em qualquer arma, tende a esquentar muito. Isso evitava o soldado de segurar o carregador durante os disparos.

CETME Modelo B – Inicial.

A alça de transporte é redesenhada para um modelo mais fino e rebatível para a direita. Os soldados disseram que o modelo anterior atrapalhava porque se enroscava fácil em partes de outros equipamentos. O quebrachamas também passa a ter um adaptador para acoplar e lançar granadas da boca do cano. Além disso, se instala um ressalto para que fosse possível o uso de uma mira telescópica. Ao contrário da ideia do StG44, a mira telescópica deveria ser de maior aumento para tiros de precisão, para um disparo com maior alcance efetivo maior que um fuzil comum mas sem as rígidas exigências de um fuzil de precisão.

Uma característica que vai seguir toda a CETME e HK G3 e 33, é a trava da alavanca de manejo. Isso já vinha do MKb42(H) por não haver uma tecla de segurança. Com o MP43/1 surge a tecla de segurança acima da empunhadura, eliminando o recesso para travar a alavanca de manejo na tampa da caixa da culatra. Com o StG45(M) fazem o mesmo, não há esse recesso para travar a alavanca de manejo. Mas os espanhóis a introduzem novamente no CETME B, que não perde a tecla de segurança no seletor de disparo. Com o recesso da alavanca de manejo, os espanhóis introduzem a ideia de fuzil carregado e percussor semiarmado.

CETME B – Exército espanhol.

O soldado, após carregado o fuzil, puxa a alavanca de manejo até o fim do seu percurso e vira para a direita, onde se avança poucos mms, travando ela num recesso na tampa da caixa da culatra. Ele pode andar o tempo todo com o fuzil nessa posição que estará seguro. Em caso de emergência, ao empunhar o fuzil, o soldado com a mão esquerda puxa a alavanca de manejo para o lado esquerdo e a solta, destravando automaticamente o fuzil para o disparo. O problema é que, enquanto que a alavanca de manejo está travada, a janela de ejeção fica aberta, o que permite uma grande entrada de sujeira. O soldado tem que ponderar quando usar essa trava.

O CETME B entrou em produção em massa em 1958, não se tem um valor exato de quantos fuzis foram feitos, mas a produção foi pouca porque a introdução desse modelo de fuzil foi gradativa nas forças armadas espanholas. Havia que formar ainda toda a cadeia logística e a produção da munição e o treinamento. Fatores que, em um primeiro momento, demandaria tempo. E quis assim o destino porque as coisas mudariam logo mais. Enquanto a Espanha apostava no 7,62 mm CETME, a Alemanha queria o 7,62 mm OTAN. Mesmo usando um calibre de dimensões iguais ao 7,62 mm OTAN, o 7,62 mm CETME não seguia os padrões STANAG que a Alemanha Ocidental usaria em virtude da OTAN. Para a Alemanha, seria obrigatório que o calibre fosse o 7,62 mm OTAN.

CETME B – Exército espanhol.

Mas como fazer então um CETME com calibre 7,62 mm OTAN, que era potente e estava causando problemas? Sem tempo para um reprojeto, Vongrimler se valeu dos estudos do Dr. Maier, ainda na Alemanha nazista. O portapercussor, a peça em que os roletes agem, empurrando ela para trás, tinha duas facetas na ponta, onde estava a ponta do percussor. Pelos cálculos matemáticos e físicos, alterando o ângulo dessas facetas, tornaria o retrocesso do portapercussor mais difícil, ou seja, no momento do disparo, a energia teria de fazer mais força contra a cabeça do ferrolho. Ou seja, essa energia excessiva seria desacelerada em virtude do ângulo das facetas do porta percussor. Assim poderia disparar o calibre 7,62 x 51 mm OTAN sem riscos de danos para a arma.

Em um primeiro momento, a Espanha adota o CETME B em 7,62 mm CETME. Para a Alemanha é enviado o modelo CETME B em 7,62 mm OTAN, onde o fuzil foi intensamente avaliado e aprovado. Nesse ínterim, a Espanha viu que não seria vantajoso adotar o 7,62 mm CETME. Como ela usaria metralhadoras em calibre 7,62 mm OTAN, não teria como manter 2 calibres diferentes para a mesma tropa, ainda mais calibres de dimensões iguais. Seria um pesadelo logístico e um motivo de problemas que afetaria até a segurança do soldado. A ideia de usar um calibre menos potente é abandonada. A Espanha decide então adotar o CETME B em calibre 7,62 mm OTAN.

 

CETME C

O pai do HK G3.

CETME C.

Levando em consideração os testes das tropas espanholas com o CETME B, e levando em consideração os testes realizados pelos alemães com o mesmo modelo de fuzil, a CETME opta por melhorar o CETME para gerar assim o CETME C. Como a produção do CETME B ainda não estava a todo vapor, acharam que seria importante uma versão definitiva para equipar todas as forças armadas espanholas antes de dar continuidade ao programa.

Foi desenvolvido um novo guardamão de madeira. O modelo anterior, mesmo sendo de metal e com furos para ventilação, tendia a esquentar muito quando o soldado usava o fuzil por muito tempo. Isso fazia ele segurar a arma pelo carregador que, com o novo design, criava problemas de fixação com o tempo de uso já que as presilhas do carregador eram forçadas. O novo guardamão de madeira também tem furos de ventilação, o que indica que a arma tendia a esquentar. E o seletor de disparo e trava voltam para o lado esquerdo do fuzil. Do lado direito fazia com que o soldado tivesse que virar a lateral do fuzil para acionar com a mão esquerda, o que era de todo contraproducente em um combate.

CETME C.

Os primeiros modelos C tinham esse novo guardamão mas com a antiga empunhadura. Ao contrário do que se pensa, a nova empunhadura não visava uma posição mais firme. Os soldados reclamavam que o apoio da mão, o espaço que fica entre o 1º e 2º dedo, ficava numa posição mais alta em relação ao gatilho, fazendo com que se forçasse o 2º dedo para baixo. Ou senão, fazia o soldado segurar mais abaixo da empunhadura para compensar esse desnível, o que atrapalhava muito durante o tiro. Para manter uma posição mais nivelada, uma nova empunhadura é feira para manter o apoio da mão um pouco mais abaixo, sem fazer o soldado forçar o 2º dedo.

Também levando em consideração o feedback dos soldados, se altera o retém do carregador. O botão lateral esquerdo do retém do carregador é uma herança do StG45(M) que, por sua vez, foi herdado do StG44. Usando o calibre 7,92 mm kurz, o carregador tinha uma largura que era fácil de pegar com a mão. Então no movimento único de apertar o botão já se pegava o carregador com a mesma mão. Com o 7,62 mm OTAN, o comprimento era bem maior, era muito ruim de apertar o botão e pegar o carregador com a mesma mão. Uma forma de solucionar isso era uma tecla localizada justamente atrás do carregador, o que tornava a trava ambidestra e fazia a troca mais fácil porque se de forma correta o carregador sem levantar o 1º dedo numa posição difícil e desconfortável.

Soldados espanhóis treinam com o CETME C.

Se com o 7,92 mm kurz as pressões exercidas dentro da cápsula eram grandes, com o 7,62 mm OTAN eram muito maiores. As ranhuras da câmara do cano, para que facilitasse a extração das cápsulas, passa a ser menos espaçadas, distribuindo melhor as pressões contra a parede da cápsula no momento da extração. Antes, havia muitos problemas de extração porque a cápsula ficava presa na câmara do cano, já que as ranhuras eram menos espaçadas, onde concentravam a força dos gases em uma área maior, gerando mais pressão e atrito.

Não só pressões maiores o 7,62 mm OTAN gerava. O recuo passou a ser um pequeno problema. Desde o começo, a ideia era ter uma arma controlável quando do 7,92 x 41 mm. Ao passar para o 7,62 mm CETME, se teve a mesma meta ao ter um projétil menor com menos propelente. Mas isso era quase impossível com o 7,62 mm OTAN. A energia do recuo era muito grande. A arma era precisa sim, ao contrário do que se pensa. E o fato do uso de blowback desacelerado por roletes tornava o recuo levemente menor que em outros fuzis em 7,62 x 51 mm. Tiros consecutivos eram perfeitamente feitos e controlados. Porém, rajadas curtas apresentavam problemas. O recuo era muito grande e fazia com que o 2º e 3º disparo e os outros saíssem da mira, gerando grande dispersão com uma precisão zero. O uso de regime automático somente era usado a curtas distâncias.

Outro problema observado no CETME C era a ejeção das cápsulas. A forte pressão gerada pelo 7,62 x 51 mm fazia com que o retrocesso da cabeça do ferrolho fosse mais forte. Isso fazia com que a extração também fosse mais forte. Em tiros consecutivos ou em rajadas curtas, era comum as cápsulas irem para todos os lados, inclusive a cabeça do soldado. E ainda mais, após o último disparo, o ferrolho não ficava aberto. Como a alavanca de manejo não era solidária, o ferrolho tinha um sistema independente de ação. Embora cientes dessa desvantagem, não havia como fazer uma alteração no projeto para que o ferrolho ficasse aberto. Isso é importante porque diz ao soldado quando acaba a munição. Com a janela de ejeção fechada e a arma não disparando, o soldado pode pensar que houve uma pane e, para ver isso no calor da batalha, irá tomar-lhe preciosos minutos.

CETME C.

Não pense que o CETME C era ruim em virtude dos pontos descritos. Muito pelo contrário. O fuzil não apresentava problemas ou panes. Era muito simples de desmontar e limpar. O fuzil realmente era mais preciso que seus congêneres, mesmo com um calibre mais forte. Não tardou e o CETME C foi adotado oficialmente em 1964. O projeto do CETME era tão simples e bom que os modelos B foram convertidos para o modelo C trocando apenas a empunhadura, o guardamão, a coronha, o cano e o portapercussor. Isso fez com que a produção do CETME B não fosse descartada, assim como não exigia uma produção a mais de CETME C.

Houve a versão destinada aos paraquedistas com coronha dobrável. Modelos B e depois Modelos C foram usados. Alguns modelos B convertidos ao C mantiveram o guardamão de metal com janelas de ventilação. Além dessa versão, o modelo R também foi usado como arma para veículos blindados. Era uma versão de cano curto, sem coronha com um extensor para alavanca de manejo. O que seria interessante de se ver porque se fazer a mira com um CETME C convencional já é difícil pelo recuo, imagine como seria o atirador dentro de um veículo blindado com uma visão externa mínima. O uso de cartuchos traçantes seria praticamente obrigatório, pois seria a única forma de ver aonde os disparos iriam.

CETME C com coronha dobrável.

Um ponto despercebido foi corrigido pelos espanhóis e que facilitou, muito, a vida dos soldados. Algumas partes da caixa da culatra são presas por pinos. Esses pinos são removidos com os próprios dedos e facilita muito na hora da montagem e desmontagem para limpeza. Essa ideia surgira ainda com o StG44. Se por um lado facilitava, por outro lado era fonte de dores de cabeça aos soldados, pois se o soldado perdesse os pinos, não seria possível usar a arma. Como eram peças pequenas e finas, se perdiam com certa facilidade. Para evitar isso, os espanhóis tiveram uma ideia criativa. Na coronha havia pequenos buracos. Após retirar os pinos da caixa da culatra, o soldado colocava nesses buracos da coronha, de tal maneira que evitava que ficam perdidos, sem falar que ajudava muito na hora da organização da manutenção.

Embora o CETME C fosse um fuzil que mostrava a tecnologia no estado da arte naquela época, ele não teve vendas externas significativas. O fuzil foi produzido até 1976 quando a Espanha equipou todas as suas forças armadas. Além da Espanha, Dinamarca e Paquistão também compraram o CETME C. O que muito se vê é a explosão de vendas do HK G3, praticamente a cópia sob licença do CETME C. Para maiores informações, recomendo a leitura do artigo sobre a HK e G3.

CETME C.

CETME C

Calibre: 7,62 x 51 mm
Comprimento total: 1015 mm
Comprimento do cano 452 mm
Cadência de disparo: 600-650 dpm
Peso: 4,3 Kg
Carregador: 20 cartuchos

 

Como funciona

Após o disparo, os gases geram energia que vão contra a própria cápsula na câmara do cano. Os gases no cano forçam a cabeça do ferrolho para trás pela energia gerada. Dois roletes contidos em recessos na cabeça do ferrolho são empurrados para trás, fazendo-os entrar dentro da cabeça do ferrolho. A ação de atrito dos roletes na base de travamento e parede da base do cano faz desacelerar, por milésimos de segundos, o movimento do ferrolho. Nesses milésimos de segundos, o projétil deixa o cano e os índices de gases e energia caem a níveis seguros. Então, com a energia menor na cabeça do ferrolho, ele começa a se locomover para trás.

O transportador do ferrolho está conectado a uma haste localizado na parte de cima da caixa da culatra. Em volta dessa haste há uma mola recuperadora. Com o retrocesso do transportador do ferrolho após o disparo, ele comprime essa mola para trás, junto com o grupo da cabeça do ferrolho e portapercussor, onde, ao mesmo tempo, retira da câmara do cano a cápsula. O transportador do ferrolho corre até o fim da caixa da culatra. Agora, pela ação da mola recuperadora, o transportador do ferrolho começa ir para frente, onde introduz um cartucho na câmara do cano. A cabeça do ferrolho bate na base do cano e os roletes saem de dentro e se travam nos recessos da base do cano, mantendo o ferrolho travado e pronto para o próximo disparo.

 

Curiosidade

Visando o mercado externo, a CETME mostrou seu fuzil em 7,62 x 51 mm para vários países de vários continentes. Diante das sucessivas perdas de contrato, nos anos 70 alguns modelos C foram convertidos ao calibre 7,62 x 39 mm, visando países africanos e asiáticos. Para esses, foi mantido o guardamão de metal com janelas de ventilação. Nenhum país comprou essa versão.

Protótipo de um CETME C em calibre 7,62 x 39 mm.